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Foto: Invertebrados de Huesca/Wiki Commons

Estamos todos convidados a participar nestes censos de Verão

03.07.2025

Desde as andorinhas e borboletas diurnas e noturnas aos gelatinosos, aqui estão algumas ações de ciência cidadã a que nos podemos agora juntar. Ajude os cientistas e fique a saber mais sobre o mundo natural à nossa volta.

1. Andorin – Conservação de andorinhas e andorinhões em Portugal

Ninho de andorinha-dos-beirais. Foto: HTO/Wiki Commons

projeto da associação Vita Nativa dedica-se à monitorização e conservação de andorinhas e andorinhões. Muitas são espécies migradoras que por estes meses podemos observar em Portugal, de norte a sul do país. Conhece alguma colónia de andorinhas? Costuma ver andorinhões a sobrevoar os telhados ao pé de casa? Então, esteja atento ao regresso destas aves e quando se aperceber de que iniciaram a nidificação, registe esse dado no portal do Andorin. Os dados reunidos em 2024 já foram divulgados.

2. Censos de Borboletas de Portugal

Borboleta-loba. Foto: Rui Félix

Iniciados em Portugal em 2019, os Censos de Borboletas são coordenados pela associação Tagis e podem receber contribuições de duas maneiras diferentes, sempre com o apoio da app Butterfly Count. A primeira é através da realização de transetos, que são pequenos percursos fixos que devem ser feitos periodicamente, com o objetivo de identificar as borboletas que se veem ao longo do caminho. Outra é mais “livre” e necessita apenas de 15 minutos, durante os quais o voluntário pode dar um passeio registando as diferentes borboletas que encontrar. Estas contagens realizam-se em vários países europeus e os dados obtidos são utilizados no eBMS – European Butterfly Monitoring Scheme. Saiba mais no site da Tagis e também no canal de Youtube, onde está disponível um curso para aprender a identificar as borboletas mais comuns. E conheça ainda a história de Luís Cardoso e de como lançou um guia sobre as borboletas de Penela, incentivado por esta iniciativa de ciência cidadã.

3. Rede de Estações de Borboletas Noturnas

Borboleta noturna da espécie Spilosoma lubricipeda. Foto: João Nunes

Hoje com muitas dezenas estações a funcionar em Portugal, esta rede de pontos de amostragem tem como objetivo contribuir para que se saiba mais sobre as cerca de 2.600 espécies de borboletas noturnas que se conhecem hoje no país. A REBN teve início em Janeiro de 2021, por iniciativa de Helder Cardoso, ornitólogo que há vários anos se dedicava também às borboletas noturnas, e está aberta a todos os interessados – mesmo aqueles que não tem experiência na identificação dessas espécies, bem mais diversas e coloridas do que se costuma pensar. Pode saber mais nesta reportagem sobre uma sessão realizada na Serra do Socorro. E também consultar o balanço da atividade desta rede, entre 2021 e 2024, no boletim trimestral que divulgaram mais recentemente, aqui. Aproveite ainda para ficar a conhecer quase 300 espécies de borboletas noturnas, recém-batizadas, pelo seu nome comum, graças ao projeto Dar Nome à Traça.

4. FITCount – Interações entre plantas e polinizadores

Mosca-das-flores (Eupeodes sp.) numa pereira. Foto: CFE

Lançada em português em 2024, a app FITCount vai permitir que qualquer um de nós ajude os investigadores a terem mais conhecimento sobre a situação dos insetos polinizadores em Portugal e sobre as plantas preferidas por diferentes espécies. “Os participantes podem selecionar uma planta em flor, delimitar uma área de 50×50 cm que inclua a respetiva flor-alvo e contar todos os polinizadores que interagem com flores dessa planta durante 10 minutos”, explicam Sílvia Castro, coordenadora do projeto PolinizAÇÃO – Plano de Ação para a Conservação e Sustentabilidade dos Polinizadores, juntamente com João Loureiro, ligados à Universidade de Coimbra. As contagens podem ser feitas ao longo de todo o ano, em qualquer momento do dia, desde que as condições meteorológicas estejam quentes e secas.

5. GelAvista

Medusa-do-Tejo. Foto: Duarte Frade/WikiCommons

Lançado pelo IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera em 2016, o GelAvista tem ajudado ao aumento da informação sobre as espécies de gelatinosos na costa portuguesa, tanto as diferentes espécies como as datas em que são mais observadas. Se morar perto de uma praia, ou mesmo que esteja um pouco mais distante, aproveite para ir passear à beira-mar e colabore com este projeto de ciência cidadã, que já tem também associada a app GelAvista, que facilita os registos. Saiba como colaborar aqui.

6. Registo de mortalidade de aves em linhas elétricas e parques eólicos

Parque eólico na Serra da Freita. Foto: Vítor Oliveira/Wiki Commons

Muitas aves podem morrer ou ficar feridas quando chocam contra as linhas elétricas, tanto de média e alta tensão (rede de distribuição) como de Muito Alta tensão (rede de transmissão). Os postes de média tensão também são uma ameaça, por perigo de eletrocussão. Já os parques eólicos podem ser perigosos devido aos choques que acontecem contra as hélices das turbinas.

Se encontrar uma ave morta ou ferida que possa ter sido vítima de colisão ou eletrocussão, preencha este formulário da SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Ajude esta organização não governamental de ambiente a identificar áreas perigosas para as aves e a encontrar e aplicar soluções para tornar as linhas elétricas mais seguras.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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