PUB

Anabela Nave, na companhia de um apicultor. Fotos: DR

Cientistas: Anabela Nave faz investigação para assegurar um futuro à abelha-do-mel

09.07.2025

Ligada à equipa de apicultura e biodiversidade do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Anabela Nave dedica os seus estudos à apicultura e a melhorar a resiliência da abelha melífera. Fique a conhecer esta investigadora de 58 anos, autora principal da mais recente crónica da série “Guardiões das Flores”.

O que fazes? 

Desde o início da minha vida profissional que tenho trabalhado na proteção das culturas, aplicando os princípios da proteção integrada, privilegiando os organismos auxiliares e práticas alternativas ao uso sistemático da luta química. A importância no conhecimento das cadeias tróficas existentes e a preocupação com a preservação dos polinizadores levou-me em 2019 a trabalhar na área da apicultura com a abelha melífera e com a vespa-asiática, situação em que estou atualmente e que continua a merecer o meu empenho.

Anabela Nave a monitorizar espécies de insetos, numa armadilha para vespa-asiática

Onde e quando começaste? 

Desde que me lembro que me preocupo com o que fazemos no e ao planeta. Licenciei-me em Engenharia Agrícola na Universidade de Évora, fiz mestrado em Proteção Integrada no ISA – Instituto Superior de Agronomia e doutoramento na UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Sistemas Sustentáveis. E cada uma destas fases foi um começo de aprendizagens complementares e mais profundas. 

A fotografar espécies em floração

Como aprendeste a fazer o teu trabalho? 

A minha aprendizagem é muito global e diversificada. Aprendi muito com formação teórica, e com muito conhecimento prático, com agricultores, com apicultores, com colegas de profissão, com formações, com workshops e com as pessoas especiais que a vida me permitiu conhecer e que me sensibilizaram para o não conhecia. Destaco o professor Pedro Amaro (ISA), a professora Laura Torres (UTAD) e a professora Joana Godinho (INIAV).

A investigadora do INIAV (à direita na foto) a dar uma aula prática no apiário do Posto Agrícola, na Tapada da Ajuda

Quando começaste, o que pensavas que querias fazer? 

Queria e quero contribuir para termos alimentos mais saudáveis, praticando uma agricultura respeitadora do ambiente. Para ter esta ação tinha que me inteirar muito de como se fazia agricultura e se podia fazer melhor gestão de práticas agrícolas, no que respeita ao solo, à água e à interação da agricultura no ecossistema em que se insere, nomeadamente a relação com a flora e fauna existentes. 

Anabela Nave num pomar com colmeias, acompanhada por outra investigadora do INIAV, Joana Godinho

Finalmente, o que te falta ainda descobrir? 

Sempre considerei muito relevante o papel dos polinizadores e a importância da polinização para a diversidade e qualidade do que comemos. Tinha muito interesse na importância, conhecimento e relações entre fauna e flora para este tópico. Em 2019, começando a trabalhar na área da apicultura, foquei-me no conhecimento e importância da espécie Apis mellifera.

Por outro lado, queria saber mais sobre as melhores formas de gestão das colónias da abelha melífera e dos seus inimigos, em apiários. Sendo a abelha melífera parte integrante dos ecossistemas agroflorestais, as práticas de gestão apícolas não só devem contribuir para o respeito pela espécie Apis mellifera como para a resiliência necessária destes ecossistemas, inclusive face à problemática das alterações climáticas. E a este nível, desafio profissional em que me encontro, muito continuo a ter que aprender e descobrir. 

A estudar um ninho de vespa-asiática

Além de Anabela Nave, fique a conhecer outros investigadores envolvidos na série “Guardiões das Flores”, publicada todos os meses na Wilder: Catarina SiopaHugo GasparOlga AmeixaElisabete FigueiredoAndreia MiraldoSónia Ferreira e Carla Rego.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

Don't Miss