Elisabete Figueiredo fotografa os frutos verdes de um tomateiro
Elisabete Figueiredo no seu trabalho como investigadora, dentro de uma estufa. Foto: DR

Cientistas: Elisabete Figueiredo investiga novas formas de combater pragas agrícolas

12.02.2025

Elisabete Figueiredo, 60 anos, trabalha no Instituto Superior de Agronomia na sua primeira paixão, a proteção biológica. Investiga os insetos que poderão ajudar os agricultores a combaterem pragas que são muitas vezes elas próprias provocadas por outros insetos, diminuindo assim o uso de pesticidas. Fique a conhecer a principal autora da quarta crónica da série “Guardiões das Flores”, sobre as principais ameaças que afetam os polinizadores em Portugal.

O que estás a fazer atualmente, como investigadora?

Investigo formas mais sustentáveis de combater pragas agrícolas, nomeadamente através de proteção biológica. Dou aulas sobre proteção de culturas e entomologia aplicada (proteção biológica, polinização, etc.) no Instituto Superior de Agronomia (ISA) e no centro de investigação LEAF (Linking Landscape, Environment, Agriculture and Food) do TERRA

Como é que começaste?

Quando acabei o curso de agronomia, comecei por ser bolseira num projeto que tentava diminuir o perigo do tabaco para a saúde, fazendo aplicação de antioxidantes na cura para baixar o teor de nicotina e outras substâncias tóxicas. Depois, estive algum tempo na região Oeste, numa escola profissional agrícola que dava também apoio técnico às explorações das alunas. E acabei por vir parar ao ISA, em Lisboa, para investigar em proteção biológica, que era a minha primeira paixão. 

Como aprendeste a fazer o teu trabalho?

Tive um estágio em França, no INRA – Institut National de la Recherche Agronomique, e outro em Espanha, na UPNA – Universidad Pública de Navarra. Estive entre três a quatro meses em cada um destes locais, no início do meu trabalho de doutoramento. Frequentei também cursos de taxonomia de alguns grupos de insetos. Mas aprende-se, sobretudo, fazendo, errando, lendo e falando com colegas e estudantes. E trabalhei com bons mestres no ISA.

Quando começaste, o que pensavas que querias fazer?

Provavelmente, pensava em estar a trabalhar mais com biopesticidas e não tanto com insetos predadores e parasitoides e sobre como aumentar as suas populações e a sua eficácia, que é hoje parte a mais importante do meu trabalho. 

O que ainda te falta descobrir?

Muita coisa… Sabemos já bastante sobre a regulação dos ecossistemas, mas falta ainda sabermos muito. Por exemplo, como é aquilo que se passa no solo, na rizosfera, pode afetar a capacidade de defesa das plantas? E falta-nos também conhecimento sobre o que se passa na parte aérea em relação a ataques de pragas, ou no que respeita à atração para os seus inimigos naturais.


Além de Elisabete Figueiredo, fique a conhecer ainda outros investigadores envolvidos na série “Guardiões das Flores”, publicada todos os meses na Wilder: Catarina Siopa, Hugo Gaspar e Olga Ameixa.




Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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