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Foto: Ana Valadares

Dar nome à traça: As cinco espécies de Outubro

Conte-nos que nome comum gostaria de dar a estas cinco espécies de borboletas que apenas têm nome científico. Submeta as suas propostas neste formulário e junte-se à iniciativa “Dar nome à traça” da associação Rede de Estações de Borboletas Noturnas, em parceria com a Wilder. As borboletas de setembro receberam mais de 25 sugestões.

Antes de lhe apresentarmos as cinco espécies à procura de nome em Junho, aqui ficam os nomes selecionados do desafio de agosto:

  • Luzia-pequena para Euplexia lucipara (Linnaeus, 1758)
  • Negra-das-dunas para Brithys crini (Fabricius, 1775)
  • Saias-verdes para Pseudoips prasinana (Linnaeus, 1758)
  • Ombro-pálido para Chloantha hyperici (Denis & Schiffermüller, 1775)
  • Rosa-marmoreada para Elaphria venustula (Hübner, 1790)

As propostas para o desafio de setembro ainda estão a ser selecionadas.

Arctia tigrina (de Villers, 1789)

Arctia tigrina, anteriormente Atlantarctia tigrina, é uma borboleta noturna da família Erebidae, distribuída na Europa desde a metade norte da Península Ibérica, passando pelo sul de França até o noroeste da Itália. Esta é uma espécie bem disseminada na metade norte de Portugal Continental – Beira Baixa, Beira Alta, Douro Litoral, Minho e Trás-os-Montes – mas ausente no sul do país, voando entre final de abril e julho. É uma borboleta que prefere zonas de média montanha com matos e prados, onde as suas lagartas se alimentam de uma grande variedade de plantas herbáceas e arbustivas características desses habitats, como tanchagem (Plantago spp.) e dente-de-leão (Taraxacum spp.), entre outras.

Trata-se de uma espécie grande, com uma envergadura entre 41 e 51 milímetros, e uma aparência tigrada ou zebrada muito caraterística devido às suas asas anteriores brancas com faixas pretas, sendo o seu restritivo específico,tigrina uma inflexão de tigrinus, que se traduz como ‘listado como um tigre’. O nome comum desta borboleta em francês, ‘ecaille fasciée’, também remete para as faixas que apresenta. As asas posteriores também apresentam manchas pretas, mas reduzidas em comparação às das asas anteriores, estando sobre uma base laranja e escarlate. A cabeça é preta, assim como o tórax, podendo algumas apresentar um colar vermelho, e o abdómen é vermelho e salpicado de preto.

Xylocampa areola (Esper, 1789)

Pertencente à família Noctuidae, Xylocampa areola é uma espécie presente em todas as regiões de Portugal continental, sendo que ocorre de Espanha e Portugal ao sul da Escandinávia e Irlanda, verificando-se a sua presença por toda a parte ocidental da Europa Central (França, Alemanha, partes de Itália, incluindo Sardenha). Como o nome comum inglês sugere, ‘Early grey’, é uma das borboletas noturnas a surgir mais cedo na estação, voando entre março e maio. Habita áreas pouco arborizadas e locais suburbanos, necessitando da presença de madressilvas (Lonicera spp.) para as suas lagartas se desenvolverem.

É uma espécie com uma envergadura entre 32 e 40 milímetros, com asas anteriores cinza e de textura áspera e marmorizada com cinza enegrecido. Apresenta as marcas ovais e renais pálidas e sobrepostas, formando um arco. O seu restritivo específico areola traduz-se em “pequeno espaço entre coisas ou sobre algo”, fazendo assim menção a este dito espaço negativo que se cria associado ao arco.

Chlorissa cloraria (Hübner, 1813)

Chlorissa cloraria é uma espécie caraterística do norte de Portugal Continental, sendo observada em vários habitats, de preferência em solo calcário ou em charnecas, sendo que as suas lagartas se alimentam de torga (Calluna vulgaris), silva (Rubus spp.) e aveleira (Corylus avellana), entre outras espécies vegetais. Tem duas gerações por ano: de meados de maio até ao final de junho e de meados de julho até ao final de agosto.

Esta pequena borboleta da família Geometridae, com uma envergadura entre 18 e 20 milímetros, tem uma aparência distinta, essencialmente verde-esmeralda com uma linha branca contínua entre as asas anteriores e posteriores, e uma segunda linha branca mais ténue em cada asa anterior. Aliás, o seu nome comum inglês, ‘southern grass emerald’, faz referência à sua coloração base. Esta espécie é muito semelhante à Chlorissa viridata (não registada em Portugal), da qual se distingue por a margem na asa anterior ser avermelhada no caso de C. cloraria, e branca em C.viridata.

Parascotia nisseni Turati, 1905

Parascotia nisseni é uma espécie típica da floresta esclerófila mediterrânica, que voa de maio a outubro e está presente em praticamente todo o Portugal continental, exceto no Noroeste. Trata-se de uma borboleta noturna da família Erebidae e subfamília Boletobiinae, subfamília esta em que o nome advém do género tipo Boletobia, que se traduz do latim em “cogumelos ou fungos”, principal alimento das lagartas da espécie aqui apresentada. Já o seu restritivo específico nisseni é o plural de nisseno, que significa “nativo ou habitante de Caltanissetta” ou “que pertence a Caltanissetta”, sendo Caltanissetta uma cidade e província de Sicília, Itália.

Trata-se de uma espécie pequena, com envergadura entre 14 e 22 milímetros, com tons base em creme, carvão e castanho avermelhado, apresentando uma moldura em tom creme nas margens das asas e um centro mais escurecido. O seu nome comum francês, ‘petite inégale’, traduz-se como “pequeno irregular/desigual”, o que remete para a sua envergadura e também para o seu padrão irregular.

Acasis viretata (Hübner, 1799)

Acasis viretata é uma espécie da família Geometridae que está presente na Europa e na Ásia. Em Portugal distribui-se pelas zonas do Litoral e do Sul, voando entre maio e junho em zonas florestais, suburbanas e de matagal.  As lagartas alimentam-se de flores e folhas de várias plantas.

Trata-se de uma espécie com uma envergadura entre os 25 e 29 milímetros, com uma aparência caraterística que lhe é dada pelas suas asas anteriores verde azeitona – que esbatem para o amarelado em alguns exemplares – e asas posteriores cinza. A sua coloração liga-se diretamente ao seu restritivo específico, viretata, que se traduz como “esverdeado”. Esta borboleta apresenta uma faixa larga escurecida pontilhada por verde nas asas anteriores, assim como algumas linhas onduladas pretas pontilhadas. Tanto o seu nome comum em inglês como em francês remetem para a sua coloração, tanto para formas mais amareladas, ‘yellow-barred brindle’, como para formas mais esverdeadas, ‘lobophore verdâtre’.


Descubra mais sobre a iniciativa “Dar nome à traça” . E recorde aqui todas as outras borboletas que já foram batizadas, no âmbito deste projeto.

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