Conte-nos que nome comum gostaria de dar a estas cinco espécies de borboletas que apenas têm nome científico. Submeta as suas propostas neste formulário e junte-se à iniciativa “Dar nome à traça” da associação Rede de Estações de Borboletas Noturnas, em parceria com a Wilder. As borboletas de novembro receberam mais de 20 sugestões.
Antes de lhe apresentarmos as cinco espécies à procura de nome em novembro, aqui ficam os nomes selecionados do desafio de outubro:
- traça-tigresa para Arctia tigrina (de Villers, 1789)
- traça-grisalha para Xylocampa areola (Esper, 1789)
- traça-trevo para Chlorissa cloraria (Hübner, 1813)
- traça-dos-cogumelos para Parascotia nisseni Turati, 1905
- traça-oliva para Acasis viretata (Hübner, 1799)1829)
As propostas para o desafio de novembro ainda estão a ser selecionadas.
Cerocala scapulosa (Hübner, 1808)
Cerocala scapulosa é um elemento atlanto-mediterrânico, da família Erebidae, que pode ser observada no litoral centro e sul de Portugal continental (Algarve, Costa Vicentina, Estremadura e Beira Litoral). Esta borboleta pode ser encontrada em praias que apresentam o alimento preferencial das suas lagartas – a sargaça-das-areias (Halimium halimifolium) – habitando assim sistemas dunares com matagais xerofíticos (sargaçais, urzais e tojais), bem como sob o coberto de pinhais, sobreirais e eucaliptais abertos, perto da faixa litoral.
O período de voo estende-se entre os meses de março a outubro, com dois picos de atividade na primavera e no início do outono. É uma espécie de considerável envergadura (35-37 milímetros) com um padrão espelhado de efeito marmorizado nas asas anteriores, com manchas cinza-escuras e manchas castanhas com reflexos dourados. O seu restritivo específico scapulosa faz referência ao formato especial das coberturas dos “ombros”, apresentando assim duas linhas cinza-claro ao longo das margens das asas anteriores, com um vinco associado.
Colotois pennaria (Linnaeus, 1761)
Colotois pennaria é uma borboleta da família Geometridae. É encontrada principalmente em habitats florestais, onde as suas lagartas se alimentam de várias espécies de árvores caducifólias e arbustos, como o salgueiro (Salix spp.), a bétula (Betula spp.), os carvalhos (Quercus spp.), entre outras. Distribui-se desde o Norte de África, passando pela Europa, até ao Leste Asiático (Japão), podendo ser encontrada praticamente em todo o território de Portugal continental, sendo notoriamente mais comum na metade norte.
As suas lagartas ocorrem de abril a junho, sendo possível ver os adultos a voar apenas no outono, de meados de setembro até ao final de novembro. É uma borboleta noturna de cor variável, mas geralmente castanha ou avermelhada, como uma folha de carvalho seca, com duas linhas paralelas escurecidas que formam uma banda central com um pequeno ponto negro em cada asa anterior. Na ponta das mesmas asas é notória a presença de um ponto geralmente preenchido de branco. Apresenta uma envergadura entre 35 e 45 mm. Os machos apresentam antenas extremamente desenvolvidas, assemelhando-se a uma pena, de onde deriva o restritivo específico desta espécie, pennaria, que se traduz como ‘pena’. Os seus nomes comuns em inglês, “feathered thorn”, e em francês, “himère plume”, fazem menção a esta característica.
Pseudozarba bipartita (Herrich-Schäffer, 1850)
Esta borboleta da família Noctuidae chegou recentemente a Portugal a partir do Norte de África. Foi detetada pela primeira vez em território nacional em 2004, mas desde então já chegou tão a norte como Trás-os-Montes. É uma espécie mediterrânica que aparece numa grande variedade de habitats. As suas lagartas alimentam-se de gramíneas.
Trata-se de uma borboleta pequena (envergadura entre 16 e 18 milímetros), de fundo bege claro, com uma aparência marcada pela sequência de faixas que apresenta nas asas anteriores – uma faixa antemediana castanha-escura, uma faixa pós-mediana clara, e uma faixa marginal escurecida. Este padrão enfaixado é de onde advém o seu restritivo específico bipartita, que se traduz em bipartido ou dividido em duas partes. O seu nome comum em francês, “Erastrie corse”, faz referência a Córsega (“corse”), visto que a espécie em França só é conhecida nessa ilha e na região de Var.
Oria musculosa (Hübner, 1808)
Esta é uma espécie sulista em Portugal, presente apenas nas regiões do Algarve, Baixo Alentejo e Estremadura. A Oria musculosa ocorre principalmente no sul da Europa e ao longo das partes quentes e secas da Ásia temperada. É uma borboleta noturna de encostas e estepes xéricas, onde as suas larvas se alimentam dentro dos caules de várias espécies de gramíneas.
É possível observar-se este Noctuídeo entre maio e setembro. O seu nome comum em inglês, “Brighton Wainscot”, foi atribuído em honra do primeiro local em que a espécie foi descoberta no Reino Unido, no século XIX. Já o nome comum em francês, “Noctuelle musculeuse”, faz referência ao seu restritivo específico musculosa, que se trata de uma inflexão da palavra em latim musculosus, que significa “muscular, carnudo”. A associação desta espécie à palavra muscular está relacionado com as nervuras das asas com uma coloração mais escura, lembrando fibras musculares. É uma espécie de aparência simples, de cor bege e com uma envergadura entre 28 e 34 milímetros.
Valeria jaspidea (Villers, 1789)
Valeria jaspidea é uma borboleta noturna da família Noctuidae, com distribuição conhecida no sudoeste da Europa, sendo em Portugal continental encontrada em todas as regiões exceto no noroeste. Esta espécie está associada a ambientes arborizados e arbustivos, terrenos baldios e florestas ribeirinhas, com uma forte associação a abrunheiros (Prunus spinosa), planta da qual as lagartas se alimentam.
Apresenta uma envergadura entre 38 e 46 milímetros e uma capacidade incrível de camuflagem em ramos e troncos com musgos e líquenes. As asas anteriores têm como base o tom castanho-escuro, onde se destacam as manchas reniformes brancas, e são raiadas de um distintivo verde metálico. O seu restritivo específico jaspidea remete para o jaspe, uma pedra semipreciosa, devido à sua coloração sólida com rasgos contrastantes de outra cor, dualidade observada em várias formas deste mineral. O seu nome comum em francês, “jaspée”, faz uma associação direta a este ponto. O nome do género, Valeria, é o nome feminino que remonta ao verbo latino valere, que significa forte, corajosa e saudável.
Descubra mais sobre a iniciativa “Dar nome à traça” . E recorde aqui todas as outras borboletas que já foram batizadas, no âmbito deste projeto.