Os resultados de seis anos de monitorização de borboletas em Portugal vão ser apresentados entre 23 e 25 de maio, no V Encontro dos Censos de Borboletas, no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, anunciaram os organizadores do evento.
O encontro vai reunir voluntários, vigilantes da natureza, representantes de municípios e organizações não-governamentais de ambiente, para partilhar e analisar os resultados de seis anos de monitorização de borboletas em Portugal.
Entre 2019 e 2024 foram registados 108.544 indivíduos pertencentes a 112 espécies de borboletas, contados de norte a sul do país.
A iniciativa é do projeto Polinização – Plano de Ação para a Conservação e Sustentabilidade dos Polinizadores, do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e do Tagis – Centro de Conservação de Portugal.
A programação do evento inclui o lançamento de dois guias dedicados às borboletas e duas atividades abertas ao público: uma sessão de observação de borboletas noturnas, na noite de 23 de maio (sexta) e uma saída de campo para observação e identificação de borboletas, na manhã do dia 25 (domingo).
Lançados em 2019, os Censos de Borboletas fazem parte do Plano Europeu de Monitorização de Borboletas Diurnas. Este consiste na contagem regular, ao longo de vários anos, do número de indivíduos de cada espécie destes insetos. Esta monitorização segue uma metodologia padronizada, utilizada em toda a Europa, o que permite avaliar as tendências populacionais das borboletas e de outros insetos.
“Além de bonitas, as borboletas são também organismos bioindicadores, ou seja, conhecendo a sua diversidade e abundância conseguimos estimar a diversidade e a abundância de outros insetos menos conhecidos e mais difíceis de monitorizar”, explicou, em comunicado, Eva Monteiro, investigadora do CFE/FCTUC e coordenadora dos Censos de Borboletas.
“Como as borboletas respondem rapidamente às mudanças ambientais, podem ainda informar-nos sobre a saúde dos habitats e sobre a eficácia das práticas e medidas de gestão do território”, acrescentou.
De acordo com a especialista, este projeto é uma valiosa ferramenta para a avaliação do sucesso da implementação das medidas de restauro ecológico previstas na nova Lei do Restauro da Natureza.
Em Portugal Continental, são mais de 120 as pessoas que participam neste projeto de ciência-cidadã, todas elas treinadas na identificação de borboletas e na metodologia de monitorização.
“Os participantes são cidadãos-cientistas, que fazem os Censos de forma voluntária, mas também técnicos de organizações não governamentais de ambiente ou entidades municipais e estatais que integram as contagens de borboletas nas tarefas das suas instituições”, explicou Eva Monteiro.
Um dos principais parceiros do projeto é o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que assegura a monitorização de 33 sítios localizados em Áreas Protegidas ou Classificadas.
Sílvia Castro, coordenadora do projeto PolinizAÇÃO, salientou a importância da componente de ciência-cidadã deste projeto na obtenção de um enorme volume de dados de elevado custo-benefício.
“Uma das propostas do futuro Programa de Monitorização de Polinizadores de Portugal é a de integrar os Censos de Borboletas como umas das metodologias de monitorização de borboletas e, por isso, é necessário apoiar financeiramente as tarefas de coordenação, angariação e retenção de participantes, bem como de verificação e análise de dados, e divulgação dos resultados”, considerou Sílvia Castro.
O V Encontro dos Censos de Borboletas é financiado pelo Butterfly Conservation Europe, European Butterfly Group e pela SGS, e conta ainda com o apoio do ICNF, da Câmara Municipal de Porto de Mós e da Pousada da Juventude dos Alvados.