O Outono é a época certa para procurar cogumelos, pequenos tesouros de florestas e jardins. Em Portugal, há centenas de espécies para descobrir.
Os cogumelos são imprescindíveis porque ajudam a decompor a manta morta e disponibilizam alimento às plantas, ajudando-as a sobreviver.
Procure-os em dias de chuva ou de elevada humidade e temperaturas amenas, entre os 18ºC e os 25ºC.
Para começar, descubra estas cinco espécies no Jardim Gulbenkian, identificadas com a preciosa ajuda de Rute Rainha Pacheco, especialista em Micologia.
Chapéu-leitoso (Lactarius torminosus):
É quase certo que este cogumelo é um Lactarius torminosus. Para termos a certeza, teríamos de lhe partir as lâminas e confirmar se deitam um suco leitoso branco, conhecido por látex. As margens do chapéu são hirsutas e desfiadas e surgem enroladas quando o cogumelo é ainda jovem.
Esta espécie encontra-se apenas debaixo de bétulas, como é o caso dos vidoeiros (Betula celtiberica) que pode encontrar no Jardim Gulbenkian, por exemplo na zona do roseiral.
Orelha-de-gato (Helvella crispa):
Tem um tamanho relativamente grande e uma forma original, com um pé retorcido e um chapéu muito lobular. Este orelha-de-gato poderá ser uma espécie saprófita (que se alimenta de matéria orgânica em decomposição) ou micorrízica (que vive associada às raízes de determinadas plantas). O seu modo de nutrição ainda é motivo de debate, segundo a investigadora Susana C. Gonçalves, investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.
É normalmente encontrado em bosques de folhosas, em parques e zonas de relva ou musgosas. É mais fácil observá-lo entre agosto e novembro.
Laccaria sp.:
Neste género cabem várias dezenas de espécies de cogumelos. Um dos mais comuns é o Laccaria laccata, com formato e cor muito variados, mas difícil de identificar por ser semelhante a uma dezena de outras espécies.
Em inglês, aliás, chamam a este Laccaria laccata “o enganador” (“The Deceiver”). Todos os cogumelos do género Laccaria são micorrízicos, ou seja, vivem associados às raízes de determinadas plantas – uma relação simbiótica em que uns e outras são beneficiados.
Guarda-sol-fedorento (Lepiota cristata):
Identifique este cogumelo pelo seu tamanho (o chapéu costuma ter entre dois e quatro centímetros), pela presença de escamas acastanhadas no chapéu, pelo anel frágil no pé e por um odor distintivo.
O chapéu começa por ser convexo e, quando se torna mais maduro, fica quase plano.
Cortinarius sp.:
Aqui está mais um cogumelo cuja identificação é um desafio. Um dos mais frequentes será o cortinário-comum (Cortinarius trivialis), que pode ter um chapéu de cor acastanhada até aos 10 centímetros de diâmetro. Segundo Susana C. Gonçalves, além da presença da cortina, típica do género, mas não exclusiva, é importante ter em atenção a cor da esporada (o decalque dos esporos libertados pelo cogumelo).
O seu pé, normalmente com 10 centímetros de altura, tem restos fibrosos de cor mais escura.
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Quando for à procura de cogumelos é importante ter em conta que as tentativas de identificação não deverão, em qualquer circunstância, ser utilizadas para decidir acerca da ingestão segura de cogumelos silvestres. Os cogumelos silvestres podem matar. Em caso de dúvida, não coma!
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Quantas destas sugestões consegue encontrar? O desafio é fotografar ou desenhar os cogumelos que observar e partilhar as suas imagens connosco, enviando para [email protected]. Iremos publicar as melhores na Wilder.
Ao longo do ano, a cada mês, a revista Wilder sugere-lhe a natureza que não pode perder no Jardim Gulbenkian.