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Pirilampo-comum (Lampyris noctiluca). Foto: Kristian Pikner/WikiCommons

Seis coisas a saber sobre os pirilampos de Portugal

18.03.2020

Em Fevereiro, cientistas alertaram para a possível extinção de algumas das 2.000 espécies de pirilampos do planeta. O biólogo José Manuel Grosso-Silva conta-lhe seis coisas sobre as espécies de Portugal.

 

Wilder: Quantas espécies de pirilampos são conhecidas em Portugal?

José Manuel Grosso-Silva: Neste momento há 10 espécies registadas em Portugal Continental. Mas a presença de duas delas necessita de confirmação.

 

W: Quais são as espécies de pirilampos conhecidas em Portugal?

José Manuel Grosso-Silva: As 10 espécies que estão citadas de Portugal são (* marca as que, a meu ver, carecem de confirmação):

Lampyris iberica (Pirilampo-ibérico)


Lampyris noctiluca (Pirilampo-comum)


*Lampyris raymondi


Nyctophila reichii


*Pelania mauritanica


Lamprohiza mulsantii (Pirilampo-pequeno-de-lunetas)


Lamprohiza paulinoi (Pirilampo-grande-de-lunetas)


Phosphaenopterus metzneri


Phosphaenus hemipterus (Pirilampo-preto)


Luciola lusitanica (Pirilampo-lusitânico)

 

Fêmea de pirilampo-comum (Lampyris noctiluca): Foto: Jasja Dekker/WikiCommons

 

W: Quais as maiores ameaças aos pirilampos de Portugal?

José Manuel Grosso-Silva: As três principais ameaças são a perda de habitat, a luz artificial em excesso e o uso de pesticidas. Mas também é preciso referir que os biocidas têm, muitas vezes, como alvo os caracóis, uma das principais presas dos pirilampos. Os biocidas têm um impacto directo na disponibilidade alimentar destes insectos.

 

W: Há espécies ameaçadas em Portugal?

José Manuel Grosso-Silva: Por enquanto não se sabe, não há informação suficiente para fazer essa avaliação. Mas parece haver espécies em regressão.

 

W: Há espécies de pirilampos a serem avaliadas na Lista Vermelha dos Invertebrados, actualmente em curso?

José Manuel Grosso-Silva: Sim, há três espécies de pirilampos: o pirilampo-pequeno-de-lunetas (Lamprohiza mulsantii), o pirilampo-grande-de-lunetas (Lamprohiza paulinoi) e o pirilampo-preto (Phosphaenus hemipterus). Ainda estamos a recolher informação e só depois será feita a avaliação do estatuto de ameaça de cada uma.

 

W: Por que foram escolhidas estas três espécies?

José Manuel Grosso-Silva: Antes de mais, não seria possível incluir todas as espécies na avaliação. A escolha destas três espécies deveu-se ao facto de serem espécies com poucos registos e/ou distribuições restritas ou mal conhecidas, havendo margem para incremento nos conhecimentos durante a duração do projecto. Mas isto não significa que outras espécies não tenham problemas de conservação em Portugal.

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José Manuel Grosso-Silva é curador de Entomologia do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto e biólogo especializado em insectos. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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