Em Fevereiro, cientistas alertaram para a possível extinção de algumas das 2.000 espécies de pirilampos do planeta. O biólogo José Manuel Grosso-Silva conta-lhe seis coisas sobre as espécies de Portugal.
Wilder: Quantas espécies de pirilampos são conhecidas em Portugal?
José Manuel Grosso-Silva: Neste momento há 10 espécies registadas em Portugal Continental. Mas a presença de duas delas necessita de confirmação.
W: Quais são as espécies de pirilampos conhecidas em Portugal?
José Manuel Grosso-Silva: As 10 espécies que estão citadas de Portugal são (* marca as que, a meu ver, carecem de confirmação):
Lampyris iberica (Pirilampo-ibérico)
Lampyris noctiluca (Pirilampo-comum)
*Lampyris raymondi
Nyctophila reichii
*Pelania mauritanica
Lamprohiza mulsantii (Pirilampo-pequeno-de-lunetas)
Lamprohiza paulinoi (Pirilampo-grande-de-lunetas)
Phosphaenopterus metzneri
Phosphaenus hemipterus (Pirilampo-preto)
Luciola lusitanica (Pirilampo-lusitânico)
W: Quais as maiores ameaças aos pirilampos de Portugal?
José Manuel Grosso-Silva: As três principais ameaças são a perda de habitat, a luz artificial em excesso e o uso de pesticidas. Mas também é preciso referir que os biocidas têm, muitas vezes, como alvo os caracóis, uma das principais presas dos pirilampos. Os biocidas têm um impacto directo na disponibilidade alimentar destes insectos.
W: Há espécies ameaçadas em Portugal?
José Manuel Grosso-Silva: Por enquanto não se sabe, não há informação suficiente para fazer essa avaliação. Mas parece haver espécies em regressão.
W: Há espécies de pirilampos a serem avaliadas na Lista Vermelha dos Invertebrados, actualmente em curso?
José Manuel Grosso-Silva: Sim, há três espécies de pirilampos: o pirilampo-pequeno-de-lunetas (Lamprohiza mulsantii), o pirilampo-grande-de-lunetas (Lamprohiza paulinoi) e o pirilampo-preto (Phosphaenus hemipterus). Ainda estamos a recolher informação e só depois será feita a avaliação do estatuto de ameaça de cada uma.
W: Por que foram escolhidas estas três espécies?
José Manuel Grosso-Silva: Antes de mais, não seria possível incluir todas as espécies na avaliação. A escolha destas três espécies deveu-se ao facto de serem espécies com poucos registos e/ou distribuições restritas ou mal conhecidas, havendo margem para incremento nos conhecimentos durante a duração do projecto. Mas isto não significa que outras espécies não tenham problemas de conservação em Portugal.
[divider type=”thick”]
José Manuel Grosso-Silva é curador de Entomologia do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto e biólogo especializado em insectos.