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Águia-pesqueira. Foto: Skeeze/Pixabay

Novo censo da águia-pesqueira vai acontecer a 13 de Janeiro de 2024

22.12.2023

A 6ª edição do Censo da população invernante da águia-pesqueira (Pandion haliaetus), organizado pelo portal Aves de Portugal, vai acontecer a 13 de Janeiro. A edição anterior, em 2022, contou entre 168 a 197 aves.

Segundo Gonçalo Elias, responsável pelo portal Aves de Portugal, “o objectivo é fazer uma contagem o mais completa possível da população invernante de águias-pesqueiras em Portugal”. Será que é em 2024 que chegamos aos 200 indivíduos?

No censo realizado em 2022, que contou com o apoio de 18 entidades, 200 observadores voluntários visitaram 155 locais e contaram entre 168 a 197 águias-pesqueiras. É um valor que se tem mantido estável desde que estes censos bianuais começaram, em 2015.

A 13 de Janeiro de 2024 repete-se a iniciativa.

As equipas vão trabalhar em dois tipos de locais. Os primeiros são considerados de prioridade 1, que são as “grandes zonas húmidas onde invernam 10 águias-pesqueiras ou mais”, explicou Gonçalo Elias à Wilder. Estes locais concentram cerca de 80% da população invernante desta espécie de águia emblemática. Actualmente são seis: Ria de Aveiro, Estuário do Mondego, Vale do Tejo (de Constância até Vila Franca de Xira), Estuário do Tejo, Estuário do Sado e Ria Formosa.

E depois serão também visitados os locais de prioridade 2. “Estas são áreas mais pequenas – como albufeiras no interior (especialmente no Alentejo), lagoas costeiras e estuários pequenos – onde ocorrem uma a duas aves”. São exemplos destes locais os estuários do rio Minho, Cávado, Mira ou a zona de Castro Marim.

“O objectivo é, para cada local, contar as aves todas que lá andam” e “identificar os principais locais de invernada para esta espécie”.

Segundo este ornitólogo, actualmente a cobertura dos censos anteriores “é boa”. “A margem para o número de pesqueiras aumentar depende da evolução desta espécie em outros países europeus”, sublinhou.

A águia-pesqueira, tal como o nome indica, alimenta-se de peixe. Por esta altura do ano, quando os lagos nos países de origem – Reino Unido, Suécia, Noruega e Alemanha – ficam cobertos de neve e gelo, algumas destas águias migram para Sul e vêm para Portugal em busca de alimento.

De momento, a população europeia parece estar a aumentar, muito graças a projectos de reintrodução realizados em países como Inglaterra, França ou Espanha.

Janeiro é o mês de eleição para censos de aves aquáticas e a águia-pesqueira não é excepção. “É neste mês que as populações invernantes estão estabilizadas, havendo menos movimentos migratórios, e atingem o seu máximo”.

Quanto ao censo de 2024, a expectativa é conseguir “uma boa cobertura, avaliar se houve alterações no número total de indivíduos e se os locais mais importantes para a espécie continuam a sê-lo ou não”, explicou Gonçalo Elias. Mas “nunca se sabe no que isto vai dar. A população europeia está a aumentar mas há anos bons e há anos maus, em que o mau tempo faz baixar a taxa de sucesso reprodutor, fazendo com que nasçam menos juvenis”.

A 6ª edição volta a contar com a colaboração dos ornitólogos espanhóis. Em 2024, a Fundación Migres organiza um censo igual em Espanha, o que dará uma dimensão ibérica a estas contagens.

“A participação é voluntária e aberta a todos os interessados. O único requisito é que saibam identificar uma águia-pesqueira”, adiantou Gonçalo Elias. Isso é possível, por exemplo, através da informação sobre a espécie no portal Aves de Portugal, que inclui várias fotografias desta ave.


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Saiba mais.

Além da população invernante de águia-pesqueira em Portugal, em anos mais recentes surgiram registos de nidificação desta espécie, alvo de um projecto de reintrodução. Recorde o que aconteceu, tanto em 2015 como em 2016.


Saiba, com a ajuda de Gonçalo Elias, quais os melhores locais para observar esta ave de rapina e como a identificar:

Características que a distinguem das outras rapinas: esta ave distingue-se pela sua grande dimensão. Tem entre 52 e 60 centímetros de comprimento e uma envergadura de asa entre os 152 e os 167 centímetros. Outras dicas para a identificar são a “máscara” preta em redor dos olhos amarelos e a plumagem muito branca nas partes inferiores, que é geralmente visível em voo.

A águia mais parecida e que pode causar confusão na identificação: a espécie mais parecida em termos de coloração e dimensões é a águia-cobreira (Circaetus gallicus), mas essa espécie é muito invulgar no período de Inverno e além disso não se alimenta de peixe.

Como caça: esta espécie alimenta-se, sobretudo, de peixes como carpas, tainhas, robalos e sargos. Para caçar, peneira sobre a água, com batimentos fortes das asas e mergulha primeiro as patas para apanhar o peixe.

Locais onde é mais fácil de a observar: esta águia aparece quase sempre perto de água e é frequente vê-la a pescar ou pousada num poste, enquanto se alimenta de um peixe que acabou de capturar. Os melhores locais para a observar são a Ria de Aveiro, Estuário do Tejo, Estuário do Sado, Vale do Tejo, Albufeira de Alqueva e Ria Formosa. Aqui pode encontrar cerca de 80% das águias-pesqueiras invernantes em Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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