Uma tartaruga-comum (Caretta caretta) juvenil foi devolvida ao oceano a 18 de Julho, depois de dois meses de intensos cuidados e reabilitação no Porto d’Abrigo do Zoomarine.
A operação decorreu a bordo do NRP Sagitário, da Marinha Portuguesa, que partiu do Ponto de Apoio Naval de Portimão. A devolução decorreu a cerca de 12 milhas náuticas da costa de Portimão, fora da zona de maior esforço de pesca, minimizando riscos para a tartaruga.
O animal tinha sido resgatado a 14 de maio por populares, que contactaram a Rede de Arrojamentos da Região de Lisboa e Vale do Tejo (RALVT). Esta, por sua vez, entregou a tartaruga aos cuidados do Porto D’Abrigo do Zoomarine, no Algarve.
O animal “chegou com problemas de flutuabilidade e desidratação, sintomas que os exames clínicos associaram à ingestão de plásticos, uma das principais ameaças à vida marinha”, segundo um comunicado do Zoomarine.
“Ao longo do processo de reabilitação, foram excretados vários fragmentos de plástico, sublinhando o impacto real da poluição marinha nos ecossistemas.”
Segundo o Zoomarine, “nas primeiras 24 horas, a tartaruga foi submetida a oxigenoterapia para prevenção da doença de descompressão. Manteve flutuação anormal nos primeiros dias, mas mostrou sempre um forte apetite e, com o tempo, voltou a mergulhar e a alimentar-se no fundo da piscina de recuperação”.
Dos 9,8 kg e 39 cm de comprimento de carapaça registados à chegada do Porto d’Abrigo, a tartaruga recuperou para 11,6 kg e 41,9 cm, “apresentando todas as condições clínicas e comportamentais para o seu regresso ao mar”.
Para possibilitar a sua identificação futura, a tartaruga marinha foi equipada com anilhas nas barbatanas anteriores e um microchip, garantindo a identificação mesmo após a eventual perda das anilhas com o crescimento do animal ou erosão da água salgada.
A ação contou com o apoio da Marinha Portuguesa e com a presença do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
A tartaruga-comum é uma espécie migradora (não reprodutora) visitante nos arquipélagos dos Açores e da Madeira. É nas águas oceânicas em redor destas ilhas que estas tartarugas passam grande parte da fase inicial do seu ciclo de vida, entre seis a 12 anos, com uma missão: procurar alimento nas frentes oceânicas. São animais que nasceram nas costas ocidentais do Atlântico Norte (Estados Unidos e México).
Estes animais, essencialmente juvenis, fazem parte de uma população mais ampla que abrange grande parte do Atlântico Norte Central e Ocidental.
Enquanto as tartarugas juvenis ocorrem exclusivamente em alto mar, os adultos têm hábitos costeiros.