Calliteara pudibunda. Foto: João Nunes

“Dar nome à traça”: As cinco espécies de Junho

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Conte-nos que nome comum gostaria de dar a estas cinco espécies de borboletas que apenas têm nome científico. Submeta as suas propostas neste formulário e junte-se à iniciativa “Dar nome à traça” da associação Rede de Estações de Borboletas Noturnas, em parceria com a Wilder. As borboletas de Maio receberam mais de 50 sugestões.

Antes de lhe apresentarmos as cinco espécies à procura de nome em Junho, aqui ficam os nomes selecionados do desafio de Abril:

  • traça-sargento para Moma alpium
  • traça-morcego para Zethes insularis
  • lágrima-do-rio para Plusia festucae
  • traça-ouriçada para Omphalophana serrata
  • euclídia para Euclidia glyphica

As propostas para o desafio de Maio ainda estão a ser selecionadas. 

A Calliteara pudibunda é uma borboleta da família Erebidae que se encontra distribuída ao longo de Portugal continental, com exceção das regiões mais meridionais. Distribui-se desde a Europa até à Ásia central, preferindo habitats florestais. Alimenta-se de uma razoável variedade de arbustos e árvores caducas, como carvalhos, bétulas, salgueiros e faias. É uma traça que voa de maio a junho. Apresenta dimorfismo sexual, sendo as fêmeas geralmente maiores (envergadura de 45 a 65 mm) e de aparência mais simples, esbranquiçadas ou acinzentadas, enquanto os machos (envergadura de 35 a 45 mm) apresentam marcas contrastantes e antenas plumadas laranja. O seu restritivo específico, pudibunda, provém do latim pudibundus, que significa “cheio de vergonha, que cora facilmente, pudico”, o que se pode associar à posição das patas que cobrem a cabeça em repouso. O seu nome comum em inglês, ‘Pale Tussock’, traduz-se para “tufo pálido”, o que remete para o seu aspeto felpudo e diferencia-a de uma outra espécie, Dicallomera fascelina, nomeada como ‘Dark Tussock’.

A Chelis maculosa é uma borboleta que ocorre desde a Península Ibérica à Ásia, passando pela Europa Central e evitando maiores latitudes, sendo que em Portugal apenas há registos para Trás-os-Montes. É uma espécie com uma envergadura entre os 31 e os 34 mm, que voa de junho a julho, habitando pastagens pobres em áreas que secam no verão. Trata-se uma espécie polífaga como lagarta, com preferência por plantas do género Galium, como a erva-coalheira. É uma traça com uma aparência muito caraterística, com os dois pares de asas de cores diferentes, o posterior avermelhado e o anterior acastanhado, ambos com uma série de manchas negras. Esta borboleta pertence à família Erebidae, mais especificamente à subfamília Arctiinae, que inclui um grupo de borboletas comummente chamadas de ‘tiger moths’ – traças tigre. O seu restritivo específico, maculosa, trata-se de uma inflexão de maculōsus, que se traduz em manchado, salpicado, o que descreve as manchas negras nas asas. Tanto o nome comum em inglês, ‘Speckled Pellicle’, como em francês, ‘Écaille maculée’, remetem também para o seu aspeto manchado.

A Apocheima hispidaria é uma espécie primaveril, cujos adultos surgem em fevereiro e março, pertencente à família Geometridae. Os machos apresentam uma envergadura entre 28 e 35 mm e as fêmeas são ápteras, isto é, não possuem asas. Esta espécie ocorre em florestas de folhosas na Europa e em partes do Oeste Asiático, sendo que em Portugal só existe registo da sua presença para a região de Trás-os-Montes.  As suas lagartas alimentam-se primariamente de carvalhos e ocasionalmente de ulmeiros, amieiros e aveleiras, entre outras árvores. O seu restritivo específico, hispidaria, deriva de hispidus, que significa peludo ou eriçado, remetendo para o seu corpo densamente coberto por longas escamas castanhas. O seu nome comum em inglês, ‘small brindled beauty’, traduzível para “pequena beleza malhada”, relaciona-se com o padrão que esta apresenta, nos tons de bege, castanho e cinzento e com linhas dentadas escuras ao longo das asas anteriores. Os machos possuem uma aparência variável, com alguns indivíduos bem delineados e outros mais uniformes na coloração.

A Cleora cinctaria é uma espécie primaveril pertencente à família Geometridae. Em Portugal, os adultos voam entre abril e maio. É uma borboleta com distribuição ao longo da Europa e Ásia temperada, sendo que em Portugal só existem registos para as regiões a norte do rio Douro. Vive em habitats semiabertos, como charnecas com árvores e arbustos esparsos, sendo as suas larvas polífagas sobre herbáceas e árvores jovens. Tanto o seu nome comum em inglês, ‘Ringed carpet’, como em francês, ‘Boarmie ceinte’, remetem para o primeiro segmento abdominal desta espécie, que forma um cinto branco. É uma borboleta com cor base cinza-claro e com linhas castanhas, uma perto da cabeça que forma uma faixa alargada, e uma segunda no fundo das asas. Apresenta uma envergadura entre os 28 e os 35 mm. O seu género, Cleora, é um nome de origem grega que significa “glória”, sendo o seu restritivo específico cinctaria relacionado com o já mencionado anel branco na base do abdómen.

A Aethalura punctulata é uma traça da família Geometridae, que pode ser vista a voar de maio a junho nas regiões do Minho e de Trás-os-Montes. É uma espécie com 30 a 35 mm de envergadura que frequenta preferencialmente habitats florestais. As suas lagartas alimentam-se principalmente de bétula (Betula spp.), podendo ocasionalmente alimentar-se de amieiros (Alnus glutinosa). O seu nome comum em inglês remete para a sua planta-hospedeira preferencial e coloração base, ‘Grey Birch’, bétula-cinzenta. Trata-se de uma traça de fundo branco com tons cinzentos e acastanhados, cujo padrão é atravessado por três linhas transversais escuras, apresentando no geral um pontilhado de escamas castanho-escuro – daí o seu restritivo específico, punctulata, que significa “que tem manchas ou pontilhados”.


Descubra mais sobre a iniciativa “Dar nome à traça” .

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