Dar nome à traça: As cinco espécies de Fevereiro

Conte-nos que nome comum gostaria de dar a estas cinco espécies de borboletas que apenas têm nome científico. Submeta as suas propostas neste formulário e junte-se à iniciativa “Dar nome à traça” da associação Rede de Estações de Borboletas Noturnas, em parceria com a Wilder. Este será o último desafio deste ciclo do projeto Dar Nome à Traça.

Antes de lhe apresentarmos as cinco espécies à procura de nome em fevereiro, aqui ficam os nomes selecionados do desafio de dezembro:

  • Sargaça-do-litoral para Cerocala scapulosa (Hübner, 1808)
  • Pluma-pontuada para Colotois pennaria (Linnaeus, 1761)
  • Traça-tricolor para Pseudozarba bipartita (Herrich-Schäffer, 1850)
  • Traça-noiva para Oria musculosa (Hübner, 1808)
  • Jaspe-do-abrunheiro para Valeria jaspidea (Villers, 1789)

As propostas para o desafio de janeiro ainda estão a ser selecionadas. As borboletas de janeiro receberam 50 sugestões.

Odezia atrata (Linnaeus, 1758)

Odezia atrata é uma espécie da família Geometridae que apresenta uma distribuição difusa por toda a Europa, desde a Península Ibérica até à Península Escandinava, com registos também para o continente asiático. Em Portugal continental pode ser encontrada a voar durante o dia nos meses de maio a julho na região norte e centro interior. Habita margens de florestas e bosques, clareiras, prados húmidos, zonas agrícolas e zonas suburbanas, onde cresçam as apiáceas de que se alimenta na fase larvar, como a erva-cicutária (Anthriscus sylvestris), o cerefólio (Chaerophyllum temulum) e o agreicho (Conopodium majus). O seu nome comum, tanto em inglês como em francês, “chimney sweeper” e “ramoneur”, respetivamente, traduz-se para limpa-chaminés, remetendo para a sua aparência completamente negra com exceção de duas estreitas linhas brancas nas pontas das asas anteriores. O seu restritivo específico atrata também remete para a sua coloração, traduzindo-se em “vestido de preto” ou “escurecido, enegrecido, vestindo luto”.

Rivula sericealis (Scopoli, 1763)

Pertencente à família Erebidae, Rivula sericealis é uma borboleta noturna que se encontra desde a Península Ibérica até ao Japão, estando em Portugal continental restrita à região norte e centro litoral. É uma espécie pequena, de envergadura entre 18 e 22 mm, com preferência por habitats húmidos, como pauis, prados húmidos e margens de rios e ribeiros, que pode ser vista a voar nos meses de maio a julho, e novamente entre agosto e setembro, tendo duas gerações de adultos por ano. As suas lagartas alimentam-se de várias gramíneas. O seu nome comum em inglês, “straw dot”, traduz-se para “ponto de palha”, remetendo para a sua coloração creme de tom aproximado às gramíneas quando secas, e para os dois pontos negros que se destacam nas suas asas anteriores. O seu restritivo específico sericealis traduz-se do latim em “sedoso”, adjetivo este em que o seu nome comum francês, “soyeuse”, também se traduz, e que está associado ao brilho das suas asas.

Colocasia coryli (Linnaeus, 1758)

Colocasia coryli é uma espécie da família Noctuidae com presença na metade norte de Portugal continental, podendo ser encontrada ao longo do continente europeu e asiático. É uma espécie caraterística de bosques de árvores de folha caduca. Apresenta lagartas com cores variáveis, que se alimentam de árvores decíduas, nomeadamente bétulas (Betula spp.) e aveleira (Corylus avellana), mas também sabugueiro (Sambucus nigra), carvalhos (Quercus spp.), castanheiro (Castanea sativa), entre outras. O seu restritivo específico coryli é uma inflexão de corylus que se traduz em “aveleira, arbusto de avelã”, relacionando-a com uma das espécies de que as suas larvas se alimentam. As larvas escondem-se durante o dia por entre as folhas e alimentam-se durante a noite, surgindo os adultos de março a setembro. O seu nome comum inglês, “nut-tree tussock”, traduz-se em tufo da aveleira ou tufo da nogueira, remetendo mais uma vez para a aveleira, e trazendo uma das características desta espécie ao de cima – o seu proeminente tufo de escamas no tórax. Com uma envergadura entre 27 e 25 mm, carateriza-se pelos tons castanhos e cinzentos, destacando-se a faixa escurecida no centro das asas anteriores, com duas manchas arredondadas que se assemelham a dois olhos de uma criatura noturna.

Allophyes alfaroi Agenjo, 1951

Allophyes alfaroi é uma borboleta endémica da Península Ibérica, isto é, tem a sua distribuição global restrita a esta área, podendo ser observada em todas as regiões de Portugal Continental. É uma espécie outonal, que voa entre outubro e dezembro, com as suas lagartas a surgirem em março e a alimentarem-se de árvores como o pilriteiro (Crataegus monogyna), o abrunheiro (Prunus spinosa), macieiras (Malus spp.) e pereiras (Pyrus spp.). Caracteriza-se pelos tons castanhos e cinzentos salpicados de escamas verdes, assim como pelas grandes manchas nas asas. Allophyes alfaroi não apresenta nome comum nem em inglês nem em francês, no entanto, a espécie irmã europeia – Allophyes oxyacanthae, tem como nome comum “green-brindled crescent”, remetendo para as escamas verdes que também se observam na nossa espécie, como mencionado anteriormente.

Eremopola orana (Lucas, 1849)

Eremopola orana é uma espécie da família Noctuidae que ocorre no Norte de África e Península Ibérica, estando aqui restrita ao litoral sul. Em Portugal apenas está registada no Algarve. É uma espécie com poucos registos a nível nacional, talvez em parte por voar tarde no ano, desde outubro a dezembro, e apenas numa pequena fração do nosso território. O nome do género, Eremopola, parece remeter para o isolamento dos locais onde a espécie ocorre. A cor do corpo e das asas anteriores é predominantemente castanha com tonalidades acinzentadas e avermelhadas. A envergadura dos adultos varia entre 27 e 32 mm.


Descubra mais sobre a iniciativa “Dar nome à traça” . E recorde aqui todas as outras borboletas que já foram batizadas, no âmbito deste projeto.

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