Com a chegada do Outono, a paisagem adapta-se. Os tons verdes das folhas dão lugar aos amarelos, laranjas, ferruginosos e vermelhos escarlate. Esta é a resposta das árvores às alterações do clima da nova estação, preparando-se para a dormência do Inverno.
As folhas desempenham um papel essencial na vida das plantas, diz Mariana Marques dos Santos, colaboradora no FUTURO – o projecto das 100.000 árvores. São elas as maiores responsáveis pela produção de alimento, através da fotossíntese.
Na Primavera e no Verão, as plantas precisam de mais energia porque estão num período de desenvolvimento de flores, frutos, sementes e estruturas de renovação. Durante esses meses, as folhas exibem tons verdes provenientes da clorofila – pigmento essencial ao processo de fotossíntese.
À medida que os dias de Outono vão sendo menos luminosos, a capacidade de realizar a fotossíntese vai diminuindo e as plantas entram num período de dormência em que a actividade celular é mínima e passa a depender de energia armazenada nos tecidos da planta.
Quando a clorofila deixa de ser necessária começa a desaparecer. O verde dá então lugar a outros tons correspondentes a pigmentos que já se encontravam nas folhas mas cuja cor estava mascarada pelos verdes clorofilinos que imperaram nos meses de Primavera e Verão. Estes pigmentos, as xantofilas e os carotenos, conferem os novos tons outonais que variam entre os amarelos e os laranja.
Contudo, há um outro tom que marca as folhas de Outono – o vermelho, vibrante e profundo. Este não se encontrava mascarado nas folhas pelos verdes clorofilinos – forma-se agora, nos últimos instantes de vida das folhas, no momento em que o fenómeno de abcisão foliar quebra a ligação entre ramos e folhas. Os vermelhos surgem como consequência da reacção entre a glicose, aprisionada nas folhas, com os dias ainda luminosos e as primeiras noites frias, formando o novo pigmento denominado como antocianina. Se as primeiras noites de Outono forem acompanhadas de geada, os tons vermelhos poderão não ser observados, sendo os castanhos a ocupar o seu lugar – uma vez que as folhas morrerão queimadas antes de completar a sua última transformação.
As folhas de Outono, de tons quentes e vibrantes, caem deixando cicatrizes nos ramos onde outrora se prendiam mas este não é sinal de um fim… apenas de um novo começo de uma vida latente em pequenos gomos, adormecidos ao longo de todo o Inverno, esperando somente a chegada da Primavera.
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Cientistas e comunicadores de ciência explicam-nos o que a natureza em Portugal está a fazer no Outono e por quê, nesta nova série Wilder.