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Quebra-ossos volta a nidificar em La Rioja pela primeira vez em mais de 70 anos

09.05.2022
Quebra-ossos nos Pirinéus, Espanha. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

Desde os anos de 1950 que nenhum casal de quebra-ossos fez ninho em La Rioja, no Norte de Espanha. Este ano, duas aves vindas dos Pirinéus, oriundas de uma expansão natural, nidificaram naquela região espanhola. Apesar de o ovo não ter sobrevivido, este já é considerado um grande feito na recuperação da biodiversidade da região.

O governo de La Rioja anunciou no final de Abril que um casal de quebra-ossos (Gypaetus barbatus), espécie Em Perigo de Extinção e que não se reproduzia em La Rioja desde a década de 1950, iniciou a sua reprodução no início de 2022 na Serra de Urbión. É algo que já não se via há cerca de 70 anos.

O casal é formado por duas aves procedentes dos Pirinéus, um macho de 13 anos, chamado Cenarbe, e uma fêmea chamada Biescras, de oito anos e marcada com um emissor GPS, colocado pelo governo de Aragão. Este dispositivo já deu muitas informações sobre os seus movimentos, comportamentos e ritmo de actividade, “muito úteis para o seu seguimento durante a fase reprodutora”, explicou, em comunicado, o governo de La Rioja.

Em Janeiro deste ano foram registados indícios de postura e incubação mas, depois de observar um comportamento estranho do casal com o abandono progressivo do ninho durante o mês de Março, a Direcção Geral de Biodiversidade de La Rioja decidiu intervir e recolher o ovo.

“O governo regional lamentou que o processo não tenha tido evolução, ainda que reconheça que o êxito reprodutor é baixo em casais de quebra-ossos que criam pela primeira vez”, acrescentaram as autoridades daquela região espanhola.

“Esta espécie precisa de vários anos e de experiência acumulada de reprodução para culminar com êxito a reprodução com o voo de alguma cria.”

As autoridades adiantam que vão realizar uma necropsia ao ovo para averiguar as possíveis causas do fracasso reprodutor.

Nos últimos 15 anos, numerosos juvenis de quebra-ossos oriundos dos Pirinéus e de outros maciços montanhosos onde estão a ser feitas reintroduções desta espécie têm frequentado a região em dispersões territoriais permanecendo em La Rioja longas temporadas.

Depois deste feito, as autoridades têm esperança de vir a conseguir a reprodução com sucesso desta espécie em La Rioja, no âmbito de um processo natural de dispersão a partir das populações pirenaicas e com o fôlego dado pelos vários projectos de reintrodução em curso em zonas como os Picos de Europa, Maestrazgo de Castellón e Teruel.

Durante todo o ano mantêm-se activos vários alimentadores para abutres.

Além disso, a zona faz parte de um espaço Rede Natura 2000 e num local que as autoridades de La Rioja querem declarar como Parque Natural del Alto Najerilla, actualmente em fase de criação.

Em Espanha, o quebra-ossos nidifica nos Pirinéus, o bastião da espécie na Europa, em Cazorla/Andaluzia e nos Picos de Europa, estes dois últimos fruto de projectos de reintrodução.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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