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Libertação de grifos. Foto: RIAS/arquivo

Quatro jovens grifos vão ser devolvidos à natureza

07.01.2025

As migrações podem ser um grande desafio para os jovens grifos (Gyps fulvus). Quatro foram recuperados no RIAS, em Olhão, e vão ser devolvidos à natureza a 9 de Janeiro na zona de Mértola.

Os quatro grifos deram entrada no RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens entre os dias 29 de Outubro e 13 de Novembro.

Dois dos grifos que serão libertados a 9 de Janeiro. Foto: RIAS

“Três destes grifos encontravam-se debilitados, essencialmente devido à dificuldade em encontrar alimento durante o período de migração”, explicou à Wilder Soraia Guerra, do RIAS. “O outro grifo, para além de se encontrar magro, ingressou devido a um traumatismo na asa esquerda. Foi feita uma tala e uma ligadura, tendo sido removidas assim que recuperou do trauma.”

Estes são aves juvenis. “São principalmente juvenis que ingressam no centro, uma vez que são inexperientes na migração e na busca por alimento, pelo que ficam debilitados mais facilmente”, acrescentou.

Os grifos estão em expansão em Portugal e na Europa e estima-se que existam 1217 casais em Portugal Continental, segundo a Lista Vermelha das Aves de Portugal Continental (publicada em 2022).

Grifo de pé numa rocha, de asas abertas
Grifo (Gyps fulvus). Foto: Emiliya Toncheva/Wiki Commons

Esta espécie de abutre ocorre no interior do país e concentra a sua população nidificante em dois territórios: o nordeste do país e a Beira Baixa/Alto Alentejo. A maior colónia do país fica nas Portas do Ródão, com 101 casais confirmados.

A 9 de Janeiro, às 10h30, em Alcaria Ruiva (Mértola), os quatro grifos vão ser libertados na natureza, depois de várias semanas em recuperação no RIAS.

“A recuperação dos grifos começa por serem instalados numa câmara de recuperação, com alimento e água à disposição e alguns elementos naturais como troncos e poleiros”, explicou Soraia Guerra.

“Assim que a equipa clínica determina que estão fortes, com o peso adequado e sem nenhum outro problema ou tratamento, são instalados na maior instalação que temos, que é um túnel de voo. Neste túnel de voo (com 50 metros) têm espaço para praticar o voo, explorar e procurar comida.”

Ao longo das semanas, “os reabilitadores observam o comportamento e o voo, são feitos check-ups sempre que necessário e discute-se a libertação assim que já estejam prontos”.

O local para a libertação não foi escolhido ao acaso. “Esta é a zona de eleição devido à proximidade de dormitórios conhecidos e alimentadores dirigidos a esta espécie.”


Agora é a sua vez.

Se quiser, pode assistir à libertação destes quatro grifos.

A libertação está marcada para as 11h00 no Posto de Vigia (local a amarelo no mapa). Coordenadas de libertação. Porém, o caminho até este ponto deverá ser realizado a pé, se não tiver um carro 4×4. Deste modo, o RIAS aconselha a que esteja por volta das 10h30 no ponto marcado a vermelho, onde deverá estacionar e seguir para uma caminhada de mais ou menos 30 minutos.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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