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Projecto que instalou 700 caixas-ninho no Algarve descobre que mais de 150 já estão ocupadas

26.05.2021

O chapim-real é a espécie com a maior taxa de ocupação no âmbito do projecto Alojamento Local para Aves, que começou a instalar as cerca de 700 caixas-ninho há seis meses, anunciou a associação Vita Nativa.

A primeira das caixas-ninho foi instalada a 26 de Novembro de 2020 num dos pinheiros junto à sede do ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas), na Quinta de Marim, em pleno Parque Natural da Ria Formosa.

Por estes dias, e após seis meses, o projecto Alojamento Local para Aves tem andado no terreno a confirmar se os alojamentos locais foram ocupados.

Foto: Vita Nativa

Até ao momento já estão instaladas cerca de 700 caixas-ninho no Algarve, em resultado de mais de 60 parcerias, incluindo do ICNF, entidade pública responsável pela conservação da natureza em Portugal.

O objectivo é dotar “as áreas urbanas com uma maior disponibilidade de cavidades para as aves se poderem reproduzir”, explica, em comunicado enviado à Wilder, a associação Vita Nativa – Conservação do Ambiente.

“Embora tenha começado há pouco tempo, a primavera já trouxe muitas boas surpresas. Já são mais de 150 as caixas-ninho ocupadas, na maioria por espécies-alvo do projeto.” Entre estas estão chapins, poupas, estorninhos, mochos- galegos, corujas-das-torres e peneireiros-vulgares. 

“A maior parte das famílias ainda está a construir o ninho ou a incubar os ovos, mas algumas já se reproduziram com sucesso e abandonaram a caixa.”

Até ao momento, o chapim-real é a espécie com maior taxa de ocupação, havendo ninhadas que chegam às oito e nove crias. Com menor frequência aparecem o chapim-azul e o chapim-de-poupa.

“Nas aves de rapina, os peneireiros-vulgares também têm dado sinais de gostar do modelo selecionado. Duas das quatro caixas-ninho instaladas em depósitos de água na cidade de Portimão já foram adotadas, estando neste momento as respetivas famílias a incubar os ovos”, conta a associação.

“Também em Vila Real de Santo António, em parceira com um agricultor, confirmou-se a ocupação de duas caixas, ambas com ovos. Por fim, de destacar a ocupação da primeira caixa-ninho de coruja-das-torres, em Algoz.”

A Vita Nativa encontrou ainda “inquilinos inesperados”. “Foi o caso de duas corujas-do-mato em Cacela Velha. Depois de terem ficado sem ninho, para evitar que ingressassem no RIAS (Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens), o projeto deslocou-se ao local e instalou uma caixa-ninho. Sempre monitorizadas de perto, a família de corujas adotou de imediato o novo alojamento e as jovens corujas já começaram a realizar os primeiros voos. Também um casal de melros-azuis ocupou uma caixa em Silves.”

Para breve, a associação vai visitar os municípios de Aljezur, Vila do Bispo, Vila Real de Santo António e São Brás de Alportel.

A equipa da Vita Nativa, no âmbito do projecto Orçamento Participativo Alojamento Local para Aves, pretende instalar um total de 2.000 caixas-ninho nos jardins e parques públicos do Algarve.

Segundo revelou João Tomás, membro da associação, à Wilder, já estão previstas instalar mais 200 caixas-ninho nos próximos dois meses. As “restantes terão de ser instaladas, preferencialmente, até ao final do ano. Foi a meta que estabelecemos para que as 2.000 estejam prontas a receber novos habitantes na primavera de 2022”.

Criada em 2018, a associação Vita Nativa é uma organização portuguesa sem fins lucrativos para a Conservação do Ambiente que pretende “promover o estudo e a conservação da natureza, divulgar e valorizar o património natural e contribuir para a participação ativa na defesa do ambiente e dos serviços do ecossistema”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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