Alcaravão. Foto: ©Buterffly Hunter-shutterstock

Espanha quer marcar 15 alcaravões com GPS para ajudar a sua conservação

27.05.2025

A falta de informação sobre esta espécie de ave, classificada como Vulnerável em Portugal, está a travar a sua conservação. Este ano, a Sociedade de Ornitologia Espanhola (SEO/Birdlife) quer marcar com GPS 15 alcaravões (Burhinus oedicnemus).

É “muito parcial” a informação que temos hoje sobre como o alcaravão usa o território, que tipos de habitat prefere, que necessidades ambientais tem ao longo do seu ciclo de vida e quais os problemas que enfrenta nos locais de reprodução e nos de invernada.

A SEO/Birdlife considera, em comunicado, que “avançar na melhoria do conhecimento destes aspectos vai-se repercutir positivamente na melhoria do estado de conservação destas aves”.

“Os seus movimentos são totalmente desconhecidos”, lamentou Juan Carlos del Moral, responsável pela Área de Seguimento na SEO/BirdLife.

Estima-se que existam entre 360.000 e 590.000 alcaravões em todo o mundo; na Europa serão entre 123.000 e 193.000. Segundo uma estimativa feita pela SEO/Birdlife em 2024, em Espanha existiriam entre 74.273 e 110.293 aves.

As marcações de aves que serão feitas este ano vão acontecer em várias comunidades autonómicas espanholas, entre elas a Andaluzia, Aragão, Castela e Leão, Castela-La Mancha e Madrid, além das Ilhas Canárias e Baleares.

Estas “vão dar informação crucial sobre o uso que os alcaravões fazem do território durante a época reprodutora, de invernada e durante as deslocações que fazem fora desses dois períodos”, acrescentou Juan Carlos del Moral. “Conhecer em detalhe o uso do território ao longo do ano é crucial para o podermos gerir adequadamente e tornar a biodiversidade compatível com as necessidades energéticas de uma população humana crescente.”

A marcação das 15 aves será realizada em colaboração com a Universidade Autónoma de Madrid e contará ainda com a participação do Instituto de Recursos Cinegéticos do CSIC (Conselho espanhol Superior de Investigação Científica), d0 Centro Tecnológico y Forestal de Cataluña e da Universidade Miguel Hernández.

Num momento de crise mundial, as aves permitem conhecer o estado de saúde do planeta, segundo a organização. Há 15 anos que marca aves com dispositivos GPS, no âmbito do Programa Migra, para melhorar o conhecimento científico e assim enfrentar a emergência climática e a perda de biodiversidade. Até agora foram marcadas 1.446 aves de 41 espécies diferentes.

O alcaravão é uma ave muito ligada aos meios agrícolas, estepários e mosaicos arbustivos. De acordo com o programa de seguimento de aves comuns da SEO/Birdlife (programa Sacre), sabe-se que nos últimos 25 anos, as populações desta espécie registaram um declínio de 46%.

Assim como em Portugal, esta espécie está classificada como Vulnerável em Espanha. Nas Canárias, a espécie divide-se em duas subespécies. A população das ilhas orientais está classificada como Vulnerável; a população centro-ocidental está Em Perigo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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