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Projecto foi à Guarda e a Castelo Branco falar de lobos e pessoas

16.02.2016

Desde o início do ano, cerca de 100 pessoas juntaram-se para ouvir falar de lobos, rebanhos e conservação, em cinco localidades dos distritos da Guarda e Castelo Branco. Esta ronda, que começou a 20 de Janeiro, faz parte do projecto Med-Wolf que, desde 2012, trabalha para diminuir o conflito entre o lobo e as actividades humanas.

 

Em Portugal, o arranque de mais um ano de trabalho do Projecto Life Med-Wolf – Boas Práticas para a Conservação do Lobo em Regiões Mediterrânicas ficou marcado por uma série de sessões onde se falou de possibilidades de coexistência.

As reuniões aconteceram no distrito da Guarda (Guarda, Sabugal, Almeida, Vilar Formoso) e no distrito de Castelo Branco (Castelo Branco) e juntaram cerca de 100 pessoas, disse agora o Grupo Lobo, responsável pelo Med-Wolf em Portugal, à Wilder.

Entre os participantes estiveram “representantes de associações pecuárias, associações de caça, do município do Sabugal, agentes do SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza da GNR) e técnicos e vigilantes do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)”, acrescentou.

 

Uma das sessões de informação. Foto: Grupo Lobo
Uma das sessões de informação. Foto: Grupo Lobo

 

Hoje em dia não se sabe ao certo quantos lobos-ibéricos (Canis lupus signatus) vivem em Portugal. O mais recente censo nacional, de 2002/2003, identificou 63 alcateias (51 confirmadas e 12 prováveis). A população de lobo-ibérico em Portugal foi estimada entre 220 e 430 animais.

No ano passado, o Plano de Acção para a Conservação do lobo-ibérico em Portugal (PACLobo 2015-2020), que esteve em consulta pública de 20 de Novembro a 18 de Dezembro de 2015, referiu estudos compilados entre 2003 e 2014 para avançar com estes números: 47 alcateias (41 confirmadas e seis prováveis).

Durante as sessões de informação, os participantes ouviram falar do lobo – características físicas, comportamentos, dieta – e ainda da sua distribuição, ameaças (como venenos e furtivismo), mitos – como as supostas “largadas” de lobos – e a situação nas áreas beirãs mais a leste.

Nessa região, “dados recentes têm mostrado um aumento no número de observações de lobo e de prejuízos causado ao gado. Esta tendência acompanha o que se passa nas áreas contíguas de Espanha, em que a presença do lobo se tem intensificado.” Mas o Grupo Lobo quis reafirmar “um facto simples: o lobo sempre esteve presente na Beira Interior, sendo apenas nova a intensidade com que faz sentir a sua presença.”

Entre as maiores dúvidas e descontentamento sentidos pelos participantes estão, segundo as associações de criadores de gado, “os baixos valores com que os prejuízos causados por lobos são compensados” e a falta de experiência no uso de medidas de prevenção de prejuízos, nomeadamente vedações e cães de gado.

O Projeto LIFE Med-Wolf está a decorrer de Setembro de 2012 a Março de 2017 em Itália (na província de Grosseto) e em Portugal, nos distritos da Guarda e de Castelo Branco. Entre as medidas destacam-se o apoio a criadores de gado para adoptarem medidas de protecção, como cães de gado ou vedações à prova de predadores, e o estudo da população de lobo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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