Lobo-ibérico. Foto: ©Jorge Sierra

Espanha: Caça ao lobo volta a ser permitida a norte do Douro

21.03.2025

Parlamento espanhol deu luz verde esta semana à eliminação da proteção especial dada ao lobo-ibérico, que estava em vigor desde 2021. Associações ambientais manifestam-se contra.

A decisão foi aprovada esta quinta-feira por iniciativa do Partido Popular, com o apoio de deputados do Vox, Junts e Partido Nacionalista Basco, inserida numa alteração ao projeto de lei de prevenção das perdas e do desperdício alimentar.

Desde setembro de 2021 que a espécie fazia parte da Lista de Espécies Silvestres em Regime de Proteção Especial, da qual foi agora parcialmente retirada, com a justificação de se reduzirem as mortes de animais de gado devido aos ataques de lobos.

Tanto a Cantábria como Castela e Leão são duas regiões espanholas que aplaudiram a nova medida, tal como os representantes do País Basco no parlamento espanhol. O próximo passo é agora, afirmam, estender a desproteção do lobo ao sul do Douro, onde a caça a esta espécie continua a ser proibida, mas agora de uma forma mais fragilizada.

Em contrapartida, várias organizações não governamentais de ambiente espanholas rejeitaram as alterações à legislação: “As emendas aprovadas em Congresso de Deputados para desproteger o lobo ibérico e voltar a permitir a sua caça e perseguição sistemática significam um grave retrocesso que põe em perigo o futuro desta espécie, essencial para a saúde dos ecossistemas, e que não resolverá os graves problemas estruturais que ameaçam de facto a pecuária extensiva”, afirmaram em comunicado conjunto as associações Amigas de la Tierra, Ecologistas en Acción, Greenpeace, SEO/BirdLife e WWF. 

As cinco organizações acusam os partidos que deram luz verde às mudanças na lei de terem agido por “puro cálculo e oportunismo político”. “O lobo é uma espécie emblemática com um papel fundamental como regulador dos ecossistemas, com uma enorme importância cultural, e cuja presença na natureza gera extensos benefícios ambientais”, indicaram também, acrescentando que o modelo anterior ao qual agora se regressa “não serviu para reduzir os danos ao gado criado em regime extensivo e o conflito associado, nem para levar a espécie a um estado de conservação favorável.”

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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