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Foto: Helena Geraldes

Príncipe Carlos apela a empresas para não destruírem as florestas

01.12.2015

As florestas estão no centro da COP21 sobre alterações climáticas e esta manhã vários responsáveis estão reunidos no Le Bourget, em Paris, para falar delas. O príncipe Carlos apelou às empresas para não virarem as costas à destruição das florestas para fins comerciais.

 

“É muito simples. Precisamos salvar as nossas florestas”, disse Carlos, citado esta manhã pela BBC News. “Não há um Plano B para lidarmos com as alterações climáticas sem elas.”

Tudo porque as florestas têm um papel crucial na estabilização do clima ao capturar dióxido de carbono (CO2) – um dos gases com efeito de estufa – e armazená-lo no solo. Segundo os cientistas, a perda da floresta é responsável por cerca de 12% das emissões de CO2 causadas pelo homem.

Para o britânico, a melhor forma de conservar as florestas é apoiar as comunidades indígenas que habitam nelas e conceder-lhes direitos de exploração. Além disso, proteger as florestas não chega; é preciso reflorestar. “Dado que reduzimos as florestas tropicais do mundo de forma tão significativa nas últimas décadas (mais de 500 milhões de hectares perdidos desde 1950), o restauro das florestas deve ser uma prioridade tão importante quanto o fim da desflorestação.”

A protecção das florestas é um dos pilares da COP21 em Paris, onde 195 países procuram um acordo global para limitar o aumento médio da temperatura do planeta a 2ºC em relação a 1850, até ao final deste século.

Desde o ano passado que o foco tem estado nas florestas, nomeadamente desde a Declaração de Nova Iorque sobre Florestas, que pede a redução da desflorestação para metade até 2020 e a tentativa de travá-la por completo até 2030.

Para acelerar a resposta a esse pedido foi criada a Agenda de Acção Lima-Paris (LPAA, sigla em inglês) na COP20 em Lima, no ano passado. Esta é uma iniciativa do Peru, França (os países anfitriões das COP20 e COP21, respectivamente) e Nações Unidas. Durante a COP21 em Paris serão organizados 12 eventos para mostrar o que se está a fazer, para anunciar novos compromissos e para incentivar à acção.

Esta manhã, o ministro do Ambiente do Peru, Manuel Pulgar-Vidal, anunciou em Le Bourget, onde decorre a COP21, nos arredores de Paris, que “os países com floresta, em parceria com outros Governos, com o sector privado e com a sociedade civil estão dispostos a aumentar os esforços para eliminar a desflorestação e a degradação das florestas nas próximas décadas”. Acrescentou que actualmente, as políticas de conservação do seu país estão a proteger 130 milhões de hectares de floresta.

O Brasil e a Colômbia anunciaram novas parcerias com países europeus para travarem a desflorestação, ao passo que o Paraguai anunciou que vai recuperar e proteger um milhão de hectares de florestas até 2030, com um potencial de redução de emissões de 200 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

Os países de África e da América Latina trabalham no restauro de habitats no âmbito do projecto 20×20 (20 milhões de hectares até 2020).

Do lado das empresas, 42 grandes multinacionais comprometeram-se com a iniciativa “We Mean Business Coalition” para remover a desflorestação das suas cadeias de produção até 2020.

 

[divider type=”thin”]Acompanhe os temas das alterações climáticas e da biodiversidade durante a COP21 na nossa secção especial Clima.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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