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Nova espécie de aranha descoberta em azinheiras de Espanha

29.06.2016

Uma nova espécie de aranha foi descoberta em algumas azinheiras isoladas junto a campos de cereal na região Centro de Espanha. Afinal, o mundo natural no Velho Continente ainda tem muitos mistérios por descobrir.

 

A nova espécie para a Ciência, Cheiracanthium ilicis, foi descrita pelos investigadores Eduardo Morano da Universidade de Castela-La Mancha e por Raul Bonal, da Universidade da Extremadura. Segundo um artigo publicado agora na revista científica ZooKeys, as aranhas adultas têm cerca de um centímetro de comprimento e os juvenis são mais pequenos e têm uma cor esverdeada que imita os rebentos verdes das azinheiras. A espécie reproduz-se no final da Primavera e no Verão.

Esta aranha foi encontrada em azinheiras isoladas nas zonas que delimitam campos de cereal em Huecas, na província de Toledo, numa zona muito humanizada. Estas árvores são as últimas sobreviventes dos montados de azinho que cobriam grande parte da Península Ibérica.

Segundo os cientistas, a aranha tem preferência por azinheiras, dado que todos os indivíduos foram recolhidos dos troncos e ramos destas árvores. Por isso, foi dada à espécie o nome científico “ilicis”, uma vez que o nome científico da azinheira é Quercus ilex.

A descoberta aumenta assim o número de espécies conhecidas do género Cheiracanthium, até agora com 209 espécies espalhadas pelo planeta, à excepção dos Pólos. Dessas 209 espécies, 14 ocorrem na Península Ibérica. As aranhas deste género são velozes caçadoras nocturnas que vivem em plantas ou árvores e as suas garras peludas ajudam-nas a trepar superfícies inclinadas. Estas aranhas tecem pequenos sacos onde se abrigam durante o dia.

Do ponto de vista da conservação, o estudo salienta a necessidade de preservar árvores isoladas em paisagens agrícolas. “Elas não só são um refúgio para os organismos comuns típicos das florestas mas também para novas espécies ainda por descobrir”, escrevem os dois autores.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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