Na semana passada, um noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus) ferido foi devolvido à Natureza pelo RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens. Esta ave pôde assim retomar a sua migração para África.
O noitibó foi encontrado ferido na região de Faro, numa altura em que estava a migrar para Sul, em direcção a África onde passará os meses mais frios do ano.
“Durante o exame físico foi possível observar que o animal se encontrava em estado de choque”, explicou o RIAS numa nota divulgada a 22 de Outubro. A ave “apresentava um traumatismo craniano e alguns hematomas na cabeça, possivelmente resultante da colisão com alguma estrutura. Por ser uma espécie mais ativa à noite, pode ter colidido, por exemplo, com a janela de uma casa cujas luzes estariam acesas”.
Parte do processo de recuperação deste noitibó passou por forçar a alimentação, isto porque estas aves geralmente capturam insetos em voo, algo que é difícil simular nas instalações de um centro de recuperação.
Isso, em conjunto com suplementos vitamínicos, permitiu que a ave recuperasse totalmente do trauma que sofreu.
“Felizmente, passadas quase duas semanas, este noitibó pôde ser devolvido novamente à Natureza, para que pudesse continuar a sua viagem rumo a África.”
O noitibó-europeu, uma ave misteriosa e fascinante segundo o portal Aves de Portugal, tem hábitos crepusculares e sai para caçar depois do pôr-do-Sol.
É uma ave de plumagem predominantemente cinzenta e castanha, com asas e cauda longa. Tem uma envergadura de asa que pode chegar aos 59 centímetros.
“Embora não possa ser considerado abundante, é relativamente comum em certas zonas, principalmente na confluência de zonas florestais com terrenos mais abertos.”
No nosso país ocorre principalmente a Norte do rio Tejo. Mas neste caso, o noitibó foi encontrado na região de Faro por estar em migração para África.
Em Portugal, esta espécie está classificada com estatuto de Vulnerável.
O RIAS, um dos hospitais de fauna selvagens do país, trabalha há mais de 25 anos para recuperar as mais variadas espécies de animais, desde camaleões a bufos-reais.
Em 2020, a equipa do RIAS recebeu um total de 3.168 animais (2.317 vivos e 851 mortos) de 138 espécies diferentes, principalmente gaivotas (gaivota-de-patas-amarelas, gaivota-d’asa-escura e gaivota de Audouin).
Foram 2.847 aves, 164 mamíferos, 155 répteis e 2 anfíbios. Destes animais foi possível recuperar e devolver à natureza 1.382.