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Noitibó ferido foi recuperado e pôde retomar migração para África

25.10.2021

Na semana passada, um noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus) ferido foi devolvido à Natureza pelo RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens. Esta ave pôde assim retomar a sua migração para África.

O noitibó foi encontrado ferido na região de Faro, numa altura em que estava a migrar para Sul, em direcção a África onde passará os meses mais frios do ano.

Noitibó recuperado no RIAS. Foto: RIAS

“Durante o exame físico foi possível observar que o animal se encontrava em estado de choque”, explicou o RIAS numa nota divulgada a 22 de Outubro. A ave “apresentava um traumatismo craniano e alguns hematomas na cabeça, possivelmente resultante da colisão com alguma estrutura. Por ser uma espécie mais ativa à noite, pode ter colidido, por exemplo, com a janela de uma casa cujas luzes estariam acesas”.

Parte do processo de recuperação deste noitibó passou por forçar a alimentação, isto porque estas aves geralmente capturam insetos em voo, algo que é difícil simular nas instalações de um centro de recuperação.

Isso, em conjunto com suplementos vitamínicos, permitiu que a ave recuperasse totalmente do trauma que sofreu.

Libertação do noitibó. Foto: RIAS

“Felizmente, passadas quase duas semanas, este noitibó pôde ser devolvido novamente à Natureza, para que pudesse continuar a sua viagem rumo a África.”

O noitibó-europeu, uma ave misteriosa e fascinante segundo o portal Aves de Portugal, tem hábitos crepusculares e sai para caçar depois do pôr-do-Sol.

É uma ave de plumagem predominantemente cinzenta e castanha, com asas e cauda longa. Tem uma envergadura de asa que pode chegar aos 59 centímetros.

“Embora não possa ser considerado abundante, é relativamente comum em certas zonas, principalmente na confluência de zonas florestais com terrenos mais abertos.”

No nosso país ocorre principalmente a Norte do rio Tejo. Mas neste caso, o noitibó foi encontrado na região de Faro por estar em migração para África.

Em Portugal, esta espécie está classificada com estatuto de Vulnerável.

RIAS, um dos hospitais de fauna selvagens do país, trabalha há mais de 25 anos para recuperar as mais variadas espécies de animais, desde camaleões a bufos-reais.

Em 2020, a equipa do RIAS recebeu um total de 3.168 animais (2.317 vivos e 851 mortos) de 138 espécies diferentes, principalmente gaivotas (gaivota-de-patas-amarelas, gaivota-d’asa-escura e gaivota de Audouin).

Foram 2.847 aves, 164 mamíferos, 155 répteis e 2 anfíbios. Destes animais foi possível recuperar e devolver à natureza 1.382.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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