Seis ilustradores e fotógrafos portugueses, entre eles Pedro Salgado e Luís Quinta, estão em São Tomé e Príncipe numa expedição de 15 dias para registar e divulgar o mundo natural destas ilhas atlânticas.
São quatro ilustradores – Pedro Salgado, Marco Nunes Correia, Pedro Mendes e João Catarino – e dois fotógrafos – Luís Quinta e José Paula – os membros desta expedição a São Tomé e Príncipe do Grupo do Risco (GdR). Este é um colectivo de cerca de 20 desenhadores, artistas, fotógrafos e cientistas criado em 2007 e cujo nome pretende homenagear a Casa do Risco, escola setecentista de desenho científico português que existiu no Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa. Há 300 anos, os chamados “riscadores” saíam em expedições para documentar em desenhos e aguarelas a fauna e a flora no período áureo da ilustração científica portuguesa. Hoje, mais concretamente nas duas primeiras semanas de Junho, seis dos 25 membros do GdR estão em São Tomé e Príncipe.
“Viemos registar os aspectos naturais e humanos da Reserva da Biosfera do Príncipe e sua inter-relação através do desenho e da fotografia”, explicou à Wilder Pedro Salgado, ilustrador científico e coordenador do grupo. “Este registo não é sistematizado e passa por um filtro artístico de cada autor.”
A expedição artística está 12 dias na ilha do Príncipe e três dias em São Tomé. “Percorremos os principais tipos de ecossistemas, como florestas, mangais, costas rochosas, ilhéus, praias, montanhas, mas também a cidade e as aldeias espalhadas pela ilha”, acrescentou Pedro Salgado, a meio da expedição.
O dia-a-dia destes ilustradores e fotógrafos pouco tempo tem para o descanso. Há uma lista de locais que devem visitar e que foi pré-estabelecido pela Reserva Mundial da Biosfera da Unesco. Sempre acompanhados por experientes guias locais. “Acordamos entre as 05h00 e as 06h00 e passamos o dia em trabalho de registo, na costa, na floresta, nas roças ou no seio de comunidades piscatórias”, adiantou o ilustrador naturalista. “Estamos na cidade (a mais pequena capital administrativa do mundo) e saímos de carro ou barco, por vezes com o almoço às costas.”
Mas não só. Os desenhadores levam nas mochilas “um ou dois cadernos, materiais riscadores, lápis, canetas e material de aguarelas”; nas mochilas dos fotógrafos vieram “câmaras de vários tipos, objectivas variadas e uma panóplia de acessórios… e uma grande dose de improviso.”
“A cada dia vamos adicionando aos cadernos e cartões de memória um pouco de tudo o que aqui há. A cada viagem encontramos animais emblemáticos, paisagens soberbas e populações simpáticas”, acrescentou.
A ilha do Príncipe, formada há 31 milhões de anos, foi declarada Reserva Mundial da Biosfera pela Unesco em 2012, incluindo uma área com mais de 71.500 hectares (ilha do Príncipe, ilhas Tinhosas e ilhéus Bom Bom, Boné do Jóquei, Mosteiros, Santana e Pedra da Galei). “Alberga uma grande biodiversidade (…) com altas percentagens de endemismos, especialmente de plantas vasculares, moluscos, insectos, aves, répteis e morcegos”, segundo informações da Unesco. Esta é uma região com “grande interesse para a conservação da biodiversidade mundial”, uma vez que é uma área de “reprodução para tartarugas marinhas, aves marinhas, cetáceos e recifes de coral”.
Segundo Pedro Salgado, “no final da expedição do GdR está prevista a realização de uma exposição, que se poderá tornar permanente na Ilha do Príncipe e, se possível, um livro/catálogo”.
São Tomé e Príncipe juntam-se assim a outros locais já visitados pelo GdR: Berlengas, Douro Internacional, Ria Formosa, Amazónia, Laurissilva da Ilha da Madeira, Parque Nacional de Doñana, Serra do Caramulo, Baixo Sabor e Marrocos.
[divider type=”thick”]Saiba mais.
A Wilder acompanhou o último dia da expedição do GdR ao Baixo Sabor, em Março de 2014. Saiba aqui como foi.
Descubra a Reserva Mundial da Biosfera do Príncipe.