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Floresta. Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay
Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay

Inglaterra vai plantar faixa com 50 milhões de árvores de costa a costa

08.01.2018

Nos próximos 25 anos serão plantadas 50 milhões de árvores ao longo da autoestrada M62, em Inglaterra, para dar habitat a espécies de aves, morcegos e esquilos, anunciou ontem o Governo. Os críticos denunciam a falta de dinheiro para conservar os bosques antigos do país.

 

O anúncio da criação da nova Floresta do Norte (Northern Forest) foi feito ontem pela primeira-ministra Theresa May e é uma das peças do Plano Ambiental do Governo para os próximos 25 anos. Os detalhes deste documento serão conhecidos ao longo desta semana.

A floresta implica a plantação de mais de 50 milhões de árvores ao longo da M62 desde Liverpool a Hull, em mais de 190 quilómetros. A missão estará a cargo do Woodland Trust e do Community Forest Trust e desde ontem conta com a ajuda de cerca de seis milhões de libras (cerca de 6,7 milhões de euros) para a primeira fase.

“É vital deixarmos o nosso planeta num melhor estado do que aquele que encontrámos, com ar mais limpo, mais protecção para os animais e mais espaços verdes para todos”, comentou Theresa May.

Em comunicado, o Governo explica que esta nova floresta “vai ajudar a aumentar os habitats para aves florestais e morcegos e proteger espécies icónicas como o esquilo-vermelho”. Além disso, vai “oferecer espaços tranquilos para serem apreciados pelos milhões de pessoas que vivem na área”.

As primeiras árvores serão plantadas em Março deste ano, apoiadas por financiamento do Heritage Lottery Fund, em 680 hectares de terrenos do Woodland Trust em Smithills, Bolton.

A floresta vai ligar cinco zonas florestais no Norte de Inglaterra: Mersey Forest, Manchester City of Trees, South Yorkshire Community Forest, Leeds White Rose Forest e o HEYwoods Project. Além disso serão plantadas árvores em redor de grandes cidades como Chester, Liverpool, Leeds e Manchester.

“Esta nova Floresta do Norte é um projecto entusiasmante e ambicioso que vai criar uma faixa de bosques no Norte de Inglaterra, de costa a costa, dando um habitat rico para a vida selvagem e natureza para milhões de pessoas aproveitarem”, explicou Michael Gove, secretário de Estado para o Ambiente. O responsável lembrou que as árvores são “fonte de beleza e encantamento” e uma “forma de gerir o risco de inundações, proteger espécies valiosas e criar espaços mais saudáveis para trabalharmos e vivermos”.

 

E os bosques antigos?

Os ambientalistas saudaram o plano para a nova floresta mas defendem que o Governo deveria olhar mais para os bosques antigos, que estão a ser derrubados.

Paul de Zylva, da organização Friends of Earth, ouvido pela BBC, considera uma “suprema ironia” que a nova floresta seja financiada em parte por dinheiros destinados a mitigar os impactos ambientais de grandes projectos de transportes previstos para o Norte de Inglaterra, como a construção de novas estradas e de uma nova linha de comboio de alta velocidade, o High Speed2 (HS2). É que esses projectos “ameaçam 35 bosques antigos a Norte de Birmingham”, salientou.

“Simplesmente não se pode comparar o valor para a biodiversidade de novas estacas com o de uma floresta antiga.” E acrescentou que “se o Governo se importasse verdadeiramente com os bosques não iria atravessá-los por uma linha de comboio de alta velocidade”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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