O primeiro Centro Interpretativo do Lobo-ibérico em Portugal foi inaugurado a 18 de Janeiro na aldeia de Pitões das Júnias, concelho de Montalegre, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês.
O Centro Interpretativo do Lobo Ibérico (CILI) está focado nas populações selvagens deste predador e na história das suas relações com o Homem.
“É um espaço inteiramente dedicado ao lobo, onde a própria arquitetura do seu interior projeta o visitante nas várias tipologias de fojos de lobo existentes na região do Barroso”, explica o município de Montalegre em comunicado.
No CILI apresenta-se “uma imagem completa do lobo-ibérico (Canis lupus signatus) nas suas múltiplas perspectivas e contextos, como espécie selvagem, como parte integrante de uma paisagem e como parte de uma relação com o Homem, no passado e no presente”, comentou Lúcia Jorge, presidente da Junta de Freguesia de Pitões das Júnias.
“Estamos perante um equipamento de excelência e único no território, que pode alavancar o turismo e a investigação. É fundamental contrariar a figura do lobo mau que nos incutiram desde pequenos. Não se trata de uma figura diabólica, mas de uma espécie selvagem que já existia neste território antes da ocupação humana”, comentou, por seu lado, Fátima Fernandes, presidente da Câmara Municipal de Montalegre.
“É importante que haja respeito por esta figura do lobo, que já foi de alguma forma sacralizada há muitos anos, ao mesmo tempo que é necessária uma maior proteção do pastoreio. Esta é assim uma forma de valorização e respeito pela espécie, mas também uma forma de valorizar o nosso território.”
O CILI situa-se em plena área de ocorrência desta espécie, numa aldeia de montanha a mais de 1.100 metros de altitude e com 153 habitantes (Censos 2021). Pitões das Júnias e os núcleos montanhosos da Peneda-Gerês, da região do Barroso, são considerados territórios historicamente ricos em lobo-ibérico. Prova disso é o número de fojos de lobo e também marcas culturais como histórias, lendas, canções e mitos.
“Por aqui homens e lobos partilham um mesmo território, mantendo uma relação próxima com particularidades singulares, de práticas ancestrais que cultivam e transmitem de geração em geração.”
O município salienta que a permanência do lobo-ibérico na região “depende em absoluto da conservação das paisagens que integram as florestas, os matagais, as áreas de abrigo, os recursos hídricos, as populações de presas e de muitas outras espécies com que se relaciona e /ou que contribuem para que essas paisagens sejam ricas, saudáveis e sustentáveis”.
O valor financiado deste projeto foi de 256.297,74€, contemplando as despesas da obra física, mobiliário e informação cenográfica do interior, assim como estudos, pareceres de projetos e consultoria, publicidade e divulgação. O financiamento é do fundo FEDER através do programa de apoio NORTE 2020, sendo que o valor total elegível da candidatura foi 301.526,75€. A taxa de financiamento deste programa foi de 85%, pelo que o município de Montalegre comparticipou esta obra no valor correspondente ao autofinanciamento.