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Vigo. Foto: Ashley James

Este quebra-ossos deliciou os observadores de aves do Reino Unido

18.11.2020

Alcunhada de Vigo, esta ave apanhou de surpresa os ingleses, uma vez que pertence a uma espécie raríssima no país.

Terá chegado ao Reino Unido em Junho passado, onde este quebra-ossos (Gypaetus barbatus) foi primeiro avistado nas colinas do Peak District, uma região de planaltos situada no centro de Inglaterra.

Esta ave deu nas vistas pois até agora só havia um primeiro registo de observação de outro quebra-ossos no país, avistado em 2016, recorda a VCF-Fundação para a Conservação dos Abutres, que em Junho lançou um apelo a todos os observadores de aves para que ajudassem a seguir-lhe a rota.

Alcunhado de Vigo, este abutre chamou também a atenção por ser maior do que as aves que se observam no Reino Unido.

Quebra-ossos. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

Vigo deverá medir cerca de 2,5 metros de envergadura de asa. E apesar de não estar anilhado, faltam-lhe penas e tem a cauda danificada, duas características que ajudam os observadores de aves a reconhecê-lo. Ao longo de quatro meses, foi sendo assim avistado e fotografado em vários locais de Inglaterra, mas já antes de chegar ao país tinha sido reconhecido na Bélgica e na Holanda.

Foi também em Inglaterra que, depois de muitas apostas e suposições, foi possível descobrir finalmente qual é o sexo desta ave. Duas pequenas penas recolhidas por um observador de Yorkshire, David Ball, foram enviadas para análise genética e indicaram que se trata de uma fêmea nascida em 2019 nos Alpes franceses, em liberdade na natureza.

Finalmente, no mês passado, Vigo terá deixado as paisagens inglesas para regressar a casa. “Depois de quatro meses a sobrevoar os Lakes, com visitas aos céus de Lincolnshire, Cambridgeshire e Norfolk, Vigo dirigiu-se para sul e foi visto sobre o mar na costa de East Sussex, a caminho de França”, contava em meados de Outubro uma notícia do Independent.

Vigo a sobrevoar os céus de Dervyshire. Foto: Alan Kydd

Mas porque terá Vigo voado para tão longe do local onde nasceu? “É normal para os quebra-ossos viajarem vastas distâncias e explorarem novas áreas”, explica a VCF. Isso acontece normalmente com as aves juvenis, que começam a dispersar no segundo ano de vida, na Primavera.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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