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Este ano há menos borboletas-monarca a invernar no México

13.02.2017

Nesta altura do ano, milhões de borboletas-monarca estão no México para passar o Inverno, vindas dos Estados Unidos e Canadá, depois de voarem mais de quatro mil quilómetros. Os novos dados referentes à temporada de 2016/2017, revelam uma quebra de 27,43% na superfície ocupada pelas borboletas no México em relação à anterior.

 

Todos os anos, as borboletas-monarca (Danaus plexippus) que invernam no México viajam até 4.000 quilómetros desde o Canadá e Estados Unidos para chegar em Novembro às florestas temperadas do México e de Michoacán, dois dos 31 estados daquele país. Depois, ficam aí durante cinco meses.

Este ano, a área ocupada pelas borboletas invernantes no México é de 2,91 hectares de floresta, uma quebra em relação aos 4,01 hectares registados na temporada de 2015/2016, informou Alejandro Del Mazo Maza, comissário nacional mexicano de Áreas Naturais Protegidas, numa conferência a 9 de Fevereiro.

A redução da área ocupada pelas borboletas foi explicada, principalmente, pelas condições climatéricas extremas que se fizeram sentir em Março de 2016. Segundo o jornal britânico The Guardian, uma série de tempestades destruiu mais de 40 hectares de florestas, locais onde a borboleta passa o Inverno.

As borboletas distribuem-se por 13 colónias, oito das quais dentro da Reserva da Biosfera Mariposa Monarca (2,22 hectares). A maior colónia ocupa 1,17 hectares (40, 21% do total) e situa-se no Santuário de la Sierra Campanario (Michoacán).

Estes dados são conhecidos graças ao trabalho de uma rede de monitorização, na qual participam a organização WWF, 22 estados mexicanos, 38 áreas naturais protegidas estatais, 33 federais, sociedade civil, universidades, empresas e autarquias.

Além desse trabalho, as universidades estudam qual as rotas que os animais escolhem, bem como a biologia e os hábitos desta borboleta durante a sua estadia no México.

Segundo a WWF, hoje em dia, a migração desta espécie está ameaçada pela diminuição dos locais de reprodução (por causa do uso de herbicidas e alterações no uso do solo) nos Estados Unidos, pela perda e degradação das florestas no México (pelo abate ilegal de árvores) e as variações climatéricas extremas no Canadá, Estados Unidos e México.

Nos últimos 24 anos, a menor densidade de borboletas aconteceu em 2013/2014, quando apenas ocuparam 0,67 hectares de floresta. Três países – Estados Unidos, Canadá e México – querem aumentar para seis hectares a superfície ocupada pela borboleta até 2020.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre a borboleta-monarca em Portugal.

Em Portugal há populações de borboleta-monarca bem estabelecidas no barlavento Algarvio e sudoeste Alentejano, explicaram à Wilder Albano Soares, do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, e Patrícia Garcia-Pereira, do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais. Pela informação disponível, no nosso país esta espécie não faz migrações regulares, mas sabe-se que passa o Inverno na forma adulta.

As monarcas da última geração do Verão são iguais às outras na aparência, mas têm diferenças fisiológicas importantes: estes indivíduos estão em diapausa reprodutiva, ou seja, não têm os órgãos sexuais desenvolvidos. São estas borboletas que vão hibernar e apenas voltam a estar ativas e sexualmente maduras na Primavera seguinte.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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