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Descoberto em Espanha fóssil de louva-a-deus com 105 milhões de anos

29.02.2016

Uma equipa internacional de investigadores descobriu um dos fósseis mais antigos de um louva-a-deus, com 105 milhões de anos (do período Cretáceo), em Espanha. Chamaram-lhe Aragonimantis aenigma, o enigmático louva-a-deus aragonês.

 

 

O louva-a-deus é um insecto conhecido pela sua postura, movimentos, cabeça triangular e pelas patas longas que usa para capturar as suas presas. Estes animais também são populares pelo comportamento das fêmeas de algumas espécies que decapitam o macho durante a cópula e o devoram para, desta forma, conseguir nutrientes para a formação dos seus descendentes. O louva-a-deus vive em habitats variados, desde os desertos africanos às selvas da Ásia, geralmente em climas quentes.

Mas ainda há muito que não sabemos sobre estes insectos, especialmente sobre a sua evolução. Os fósseis conhecidos de louva-a-deus são muito raros.

Um estudo publicado agora na revista Cretaceous Research dá conta da descoberta em 2010 de um exemplar, durante uma escavação paleontológica na zona de Utrillas (Teruel), em Aragão. O insecto, preso em âmbar, foi chamado Aragonimantis aenigma, o enigmático louva-a-deus aragonês (não se sabe a que família pertence) e é o primeiro alguma vez encontrado em Espanha.

 

 

Trata-se de um dos louva-a-deus mais antigos do mundo, com 105 milhões de anos (do período Cretáceo), conhecidos até agora. Os mais antigos foram encontrados na Mongólia e são 35 milhões de anos anteriores ao exemplar de Teruel.

O fóssil só conserva a sua parte anterior (a cabeça, patas da frente, médias e algumas partes do tórax), mas está perfeitamente conservado. Era uma ninfa e, por isso, ainda não tinha alcançado o estado adulto quando ficou presa em âmbar.

Conseguiu-se saber que a Aragonimantis é próxima do género Burmantis, um grupo de louva-a-deus preso em âmbar encontrado no Líbano e em Myanmar.

No estudo participaram investigadores da Universidade de Barcelona, do Instituto Geológico e Mineiro de Espanha, da Universidade Complutense e vários especialistas dos Estados Unidos, França, Reino Unido e Líbano.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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