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Juan Lacruz/Wiki Commons

Conservação de águias corrige 20 quilómetros de linhas eléctricas em 2016

24.01.2017

Em 2016, mais de 20 quilómetros de linhas eléctricas de média tensão foram corrigidos no Alentejo e no Douro Internacional para minimizar o perigo de electrocussão das águias-imperiais e das águias-perdigueiras, revelaram hoje à Wilder os responsáveis por dois projectos de conservação.

 

Mais de 17 quilómetros de linhas eléctricas foram corrigidos pela EDP-Distribuição nas Zonas de Protecção Especial (ZPE) de Castro Verde e do Vale do Guadiana para proteger a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), espécie Criticamente em Perigo em Portugal, disse Paulo Marques, coordenador do projecto LIFE Imperial (2014-2018), coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN), à Wilder.

A electrocussão é uma das principais causas de mortalidade não natural desta e de outras aves de grande e de médio porte.

“Os trabalhos de intervenção nas linhas terminaram na semana passada. Mas em Junho e Julho está prevista nova intervenção, até totalizarmos os 27 quilómetros”, acrescentou.

Desde 2015 que a EDP-Distribuição, um dos parceiros do LIFE Imperial, e os técnicos do projecto têm vindo a identificar os troços mais perigosos para estas rapinas. Paulo Marques explicou que as águias usam as linhas eléctricas como pousos para descansar ou para procurar alimento. Estas aves correm grandes riscos porque são “animais de grande envergadura que facilmente tocam nos postes e nos fios, provocando uma descarga”. Até à data estão confirmados 13 casos de mortalidade de águia-imperial por eletrocussão em Portugal.

A intervenção consiste em “isolar os condutores nas zonas de apoio. Mesmo que as aves toquem nos fios, estes têm isolamento e não transmitem corrente eléctrica”, acrescentou.

O mesmo método foi implementado no ano passado no concelho de Freixo-de-Espada-à-Cinta, no Douro Internacional, disse hoje à Wilder Julieta Costa, do LIFE Rupis (2015-2019), projecto coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), e responsável pelo Projecto Linhas Eléctricas da Spea. Este projecto, lançado em Julho de 2015, visa reforçar as populações de águia-perdigueira (Hieraaetus fasciatus) e de britango (Neophron percnopterus) na ZPE do Douro Internacional e Vale do Rio Águeda e ZEPA de Arribes del Duero, acabando por beneficiar também o abutre-preto (Aegypius monachus) e o milhafre-real (Milvus milvus).

Em Novembro do ano passado, a EDP-Distribuição corrigiu 3,6 quilómetros de linhas eléctricas de média tensão naquele concelho. Julieta Costa adiantou ainda que este ano serão desmantelados três quilómetros de uma linha especialmente perigosa para as aves. “O grande objectivo é minimizar o perigo de electrocussão destas espécies”, comentou.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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