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Borboleta-pequena-das-couves (Pieris rapae). Foto: Bruce Marlin/WikiCommons

Confinamento e chuva fazem disparar borboletas em Barcelona

04.11.2020

Na cidade de Barcelona, entre Maio e Junho o número de espécies diferentes de borboletas aumentou 28% e a quantidade destes insectos subiu 74%, em relação a 2019, revela o Observatório Cidadão de Borboletas Urbanas.

Os entomólogos consideram que um Inverno e Primavera chuvosos e a interrupção das tarefas de gestão de parques e de jardins, durante o confinamento por causa da pandemia, poderão ser a causa do aumento das borboletas urbanas, avança a agência de notícias espanhola EFE.

No total, entre Março e Outubro foram observadas 4.978 borboletas de 39 espécies diferentes.

A borboleta malhadinha (Pararge aegeria), a borboleta-pequena-das-couves (Pieris rapae) e a salta-cercas (Lasiommata megera) foram as borboletas mais abundantes. Ainda assim, foi encontrada uma nova espécie para a cidade de Barcelona, a canela (Hipparchia semele).

Os parques com maior biodiversidade foram os parques del Guinardó, Oreneta e Putxet.

Os números foram divulgados pelo Observatório Cidadão de Borboletas Urbanas (uBMS, do seu nome em inglês Urban Butterfly Monitoring Scheme), que vai já na sua terceira temporada em funcionamento. 

Estes dados corroboram o que muitos cidadãos já tinham intuído nos seus passeios: que o confinamento multiplicou a presença de borboletas nas cidades.

“A diferença é significativa e ainda mais é se tivermos em conta que por causa do confinamento tivemos menos 44% de visitas dos voluntários aos parques”, comentou Yolanda Melero, investigadora da Universidade de Barcelona e coordenadora do uBMS, citada pela EFE.

“O Inverno e a Primavera foram extraordinariamente chuvosos e isso é sempre bom para as borboletas porque há mais alimento disponível”, acrescentou Melero. 

Além disso, há provas científicas que demonstram que gerir os parques e jardins deixando zonas naturalizadas, com flores silvestres e com pouco uso de pesticidas, aumenta a diversidade e o número de borboletas nos jardins.

“Durante o confinamento parou-se a gestão dos parques e jardins. Barcelona encheu-se de plantas silvestres e flores e isso teve um efeito positivo nas populações de borboletas”, disse Octavi Borruel, responsável pelo Programa de Biodiversidade de Barcelona, citado pela EFE.

O uBMS segue as borboletas de 27 parques e jardins da cidade de Barcelona com a ajuda de 64 voluntários que, a cada 15 dias, visitam esses espaços verdes. Fazem um percurso e, enquanto caminham, vão registando as borboletas que encontram.

É o mesmo sistema utilizado há décadas por diferentes projectos de ciência cidadã europeus, baptizados com o nome Butterfly Monitoring Scheme, e no qual se enquadram as contagens em Barcelona.

O Plano Verde e da Biodiversidade 2012-2020 de Barcelona contempla a possibilidade de deixar zonas de jardins naturalizadas que ajudem a melhorar a biodiversidade. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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