O cavalo-marinho vai ser o símbolo utilizado para assinalar a Semana da Ria Formosa, que se realiza entre os dias 4 e 8 de Abril. O objectivo desta escolha é chamar a atenção para o declínio das populações de cavalo-marinho no parque natural algarvio.
“Ao ser uma espécie indicadora da qualidade ambiental, funciona como um alerta para as ameaças que o sistema lagunar da Ria Formosa enfrenta”, afirma em comunicado o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que promove esta iniciativa através do seu Departamento do Algarve, em coordenação com outras 16 entidades.
A Semana da Ria Formosa vai ter como principal público-alvo os alunos e toda a comunidade escolar dos concelhos do Parque Natural da Ria Formosa, com o objectivo de alertar para a importância deste sistema lagunar e para o valor do património natural e cultural.
Na região, ocorrem duas espécies de cavalo-marinho: o cavalo-marinho-de-focinho-comprido (Hippocampus guttulatus) e o cavalo-marinho-de-focinho-curto (H. hippocampus). Ambas são ameaçadas pela degração ambiental, pela captura acessória em artes de pesca e ainda pela sobre-exploração ligada à medicina tradicional e à aquarofilia, como aliás acontece com os cavalos-marinhos em todo o mundo.
Em 2000, concluiu-se que a Ria Formosa era o local com maior densidade populacional destas duas espécies, a nível mundial, mas novos estudos realizados uma década depois apontaram para “um decréscimo dramático, superior a 90%, por causas ambientais ainda desconhecidas”, recorda o ICNF.
De acordo com o instituto, em 2014, novas pesquisas indicaram uma ligeira recuperação das populações da região, face aos dados obtidos em 2009, “apesar de estar longe dos valores anteriormente observados”.
“Observou-se que factores como a poluição sonora subaquática, a degradação ambiental, a pesca e factores naturais têm um impacto significativo e contribuem para um fraccionamento continuado destas populações.”
Outra das conclusões, na altura, foi que o recurso a estruturas artificiais pode ser útil na reabilitação do habitat destas espécies. No entanto, continua a ser necessária a realização de mais estudos relativos às causas da diminuição populacional, tanto no que respeita aos factores ambientais como às actividades humanas.