Nos bosques com maior diversidade de espécies de árvores, estas complementam-se, fazendo um uso mais eficiente do espaço e dos recursos disponíveis, comprovou uma equipa de cientistas espanhóis.
Os recursos à disposição das espécies de um bosque são limitados. Para aproveitá-los, há dois tipos de relações: aquelas em que as espécies competem entre si e aquelas em que as espécies se complementam.
Investigadores do Museu Nacional espanhol de Ciências Naturais (MNCN-CSIC) comprovaram que nos bosques com um maior número de espécies arbóreas, estas complementam-se, fazendo um uso mais eficiente do espaço e dos recursos disponíveis.
Nos ecossistemas, cada espécie tem uma forma diferente de usar os recursos disponíveis. As espécies semelhantes, ou mais próximas entre si, competem pelos recursos, enquanto as mais diferentes se complementam, partilhando esses recursos.
“Neste estudo fomos mais além das diferenças entre as espécies porque quantificámos as diferenças entre os indivíduos de uma mesma espécie”, explicou, em comunicado enviado hoje à Wilder, Raquel Benavides, investigadora do MNCN.
Assim, os investigadores olharam para como são diversos os exemplares de uma mesma espécie, numa dada área, e para as formas como usam os recursos.
“O que queríamos era comprovar como essa diversidade varia em função do número de espécies diferentes num bosque”, acrescentou Raquel Benavides.
A equipa trabalhou em 92 parcelas distribuídas em três tipos de bosques europeus: mediterrâneo, temperado e boreal. Os investigadores analisaram as características das folhas de 1.403 indivíduos de nove espécies de árvores e a altura e o tamanho da copa de 5.036 árvores.
Os resultados, publicados em dois artigos científicos – um na revista Oikos e outro na revista Evolution and Systematics -, mostram que não se pode estimar como funciona um ecossistema sem ter em conta a diversidade ou variabilidade dentro de uma mesma espécie.
A capacidade de uma espécie para responder ao seu meio e para ajustar as suas características dá-lhe flexibilidade para evitar a concorrência e coexistir com outras espécies. Por isso, dizem os investigadores, é importante considerar esta componente da diversidade para entender como se formam as comunidades florestais e decidir as melhores medidas de gestão e de conservação.