Os técnicos da Junta da Andaluzia descobriram a segunda postura do casal de quebra-ossos Tono, macho de 2006, e Blimunda, fêmea de 2010, a viver em liberdade nas serras de Cazorla Segura e Las Villas. Já no centro de reprodução da espécie existem nesta temporada 14 ovos, foi agora revelado.
Tono e Blimunda vivem na Andaluzia e estão juntos desde 2013. Em Abril de 2015 saíram do anonimato por serem o primeiro casal de quebra-ossos (Gypaetus barbatus) a ter uma cria em liberdade desde 1983, ano em que a espécie se extinguiu na Andaluzia.
O quebra-ossos foi uma ave muito comum naquela região de Espanha até finais do século XIX. A última reprodução confirmada aconteceu em 1983 e o último quebra-ossos foi avistado em finais de 1986.
Agora, Tono e Blimunda voltam a dar notícias. Segundo um comunicado da Junta da Andaluzia desta semana, está confirmada a segunda postura deste casal, o primeiro formado com aves do Programa de Reintrodução do Quebra-ossos andaluz. Na região, mais concretamente nas Serras de Cazorla, Segura e Las Villas e na Serra de Castril, pode ver-se a primeira cria do casal, Esperanza.
Desde as primeiras libertações em 2006 já são 44 os quebra-ossos reintroduzidos nos parques naturais das Serras de Cazorla, Segura e Las Villas e na Serra de Cabril, no âmbito de um esforço para criar uma população autónoma e estável da espécie na região. Um deles, a fêmea Bujaraiza, esteve em Portugal em Maio de 2015.
Todos os quebra-ossos libertados provêm da reprodução em cativeiro do Programa Europeu de Espécies Ameaçadas, do qual faz parte do Centro de Reprodução de Cazorla, na província de Jaén, a funcionar desde 1996 e gerido pela Fundación Gypaetus.
Nesta época reprodutora (2016/2017), este centro já registou 14 ovos, o que iguala o recorde conseguido na temporada passada, foi anunciado nesta segunda-feira. Há sete casais reprodutores e cada um conseguiu duas posturas.
O primeiro ovo da temporada foi posto a 5 de Dezembro de 2016 por Keno, fêmea emparelhada com Joseph. Os últimos ovos foram postos por Salvia e Toba a 11 de Janeiro de 2017.
Além destes sete casais, há outro no centro que, apesar de ter construído ninho, “não fez posturas nem parece que o vá fazer, devido provavelmente à juventude desta”, segundo a Junta andaluza.
A área de distribuição histórica do quebra-ossos compreende quase todas as montanhas da Eurásia e Norte de África. Em Portugal, a espécie está dada como extinta. Não se conhecem registos da sua ocorrência desde o final do século XIX, segundo o livro “Aves de Portugal” (2010). O registo mais preciso é de 1888 quando duas aves foram abatidas no rio Guadiana. Os exemplares estão hoje no Museu de Zoologia da Universidade de Coimbra.