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Foto: Danilo Cedrone/Wiki Commons

Primavera em casa: Cientistas ajudam os mais novos a conhecerem os oceanos

14.04.2020

O programa escolar “O MARE vai à escola” mudou-se para as redes sociais e passou a ir a todas as casas, como fonte de inspiração para crianças, jovens, famílias e professores.

 

O que têm as viagens de carro a ver com as conchas da praia? Como é que os tubarões não afundam? E como é que se fazem nuvens dentro de casa? Estas são alguns dos desafios lançados pela equipa d’”O MARE vai à escola” nas redes sociais, numa iniciativa nascida quando o coronavírus trocou as voltas aos mais novos e os confinou dentro de casa.

Iniciado em 2015, este programa de educação escolar ligado ao MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente trabalha para “promover o aumento da literacia do oceano ao longo de todos os níveis de ensino”. Até agora, realizou mais de 1500 actividades em escolas, mas também idas à praia e visitas a laboratórios, por exemplo, e envolveu mais de 35.000 alunos.

Mas com as escolas a fecharem portas e a suspensão das sessões, o projecto quis manter o contacto com os alunos, os professores e o público em geral. Foi criada uma conta no Instagram, que se veio juntar à do Facebook, que já existia, e nasceram uma série de propostas baptizadas como “O MARE vai a casa”.

“São atividades acessíveis, que poderão ser realizadas em família, ou utilizadas como complemento pelos professores, que as podem sugerir aos seus alunos neste período de aulas em casa, mas que ficam também como um recurso disponível para utilizações futuras, em sala de aula”, explicou à Wilder Luísa Aurélio, responsável pelo desenvolvimento dos conteúdos do programa escolar.

 

 

 

Entre mais de uma dezena de propostas publicadas até agora, há por exemplo um desafio para criar o fundo do mar com pasta de moldar feita em casa, incluindo a receita caseira e pistas para se esculpirem criaturas marinhas. Quem quiser incentivar a veia artística, descobre também como fazer medusas com materiais fáceis de encontrar. Ou como fabricar um “Dado do Fundo do Mar”.

 

Como despertar a curiosidade?

Quem tiver por casa conchas de antigos passeios pela praia, pode por exemplo fazer a experiência que ajuda a explicar o efeitos da poluição atmosférica e da acidificação dos oceanos sobre a vida marinha. Mas se dentro de casa preferirem andar de olhos nas nuvens, há uma receita para aprender a fazê-las sem sair para a rua.

“Os temas principais são Ciência e Literacia do Oceano”, nota a mesma responsável, que habitualmente também desenvolve as sessões em escolas no pólo MARE-ULisboa (Universidade de Lisboa). “As crianças – e os mais crescidos também! – vão perceber como os fenómenos científicos podem ser visíveis e facilmente compreendidos dando uso a materiais do quotidiano que todos temos em casa.”

 

 

“Vão ainda descobrir que mesmo em casa, podem conhecer a imensa vastidão do oceano, seja através de pesquisa em livros ou na Internet, da visualização de documentários, experiências simples, e até através de jogos.”

Para já, as sugestões têm sido publicadas três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas-feiras, mas a periodicidade poderá mudar, tal como a forma como as propostas chegam a professores e alunos.

Luísa Aurélio, que é a única colaboradora alocada a tempo total n’”O MARE vai à escola”, explica também que “conta com a colaboração dos restantes investigadores da equipa sempre que necessário, que têm sugerido algumas das propostas já publicadas”.

“O MARE vai à escola”, além do pólo da Universidade de Lisboa (MARE-ULisboa), conta habitualmente também com a participação dos pólos da Universidade de Coimbra (MAREFOZ), do Instituto Politécnico de Leiria (MARE-IPLeiria), e da Universidade de Évora (MARE-UÉvora). Costumam realizar-se actividades em sala de aula e laboratórios, saídas de praia e visitas a mercados municipais e lotas.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Conheça melhor o programa escolar “O MARE vai à escola”, no site do projecto.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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