Esta é, talvez, a época do ano mais interessante para a observação das aves que estão em migração. Durante o mês de Setembro, procure estas cinco espécies que estão a passar em grandes quantidades por Portugal, a caminho de África.
Neste momento, largos milhares de aves estão a descer do Norte e Centro da Europa com destino à África tropical. Todos os anos o fazem, em busca de alimento abundante durante os meses frios do Inverno.
Como a viagem é longa, algumas destas aves migratórias fazem uma paragem em Portugal para recuperar forças.
“Normalmente viajam durante a noite, para evitar predadores e porque está mais fresco”, explicou à Wilder Gonçalo Elias, especialista em aves selvagens e responsável pelo portal Aves de Portugal. Durante o dia, procuram alimentar-se e repor energias.
Nesta época do ano, são muitas as espécies de aves que migram. Como as aves pequenas que se alimentam de insectos, por exemplo. Um pouco por todo o país há milhares de passeriformes que são migradores de passagem.
Gonçalo Elias sugere cinco espécies que vale a pena procurar este mês porque estão a passar em grandes quantidades por Portugal, parando por um ou vários dias. Quase todas têm populações nidificantes em Portugal, mas a quantidade de aves em passagem migratória é muito superior à quantidade de aves que se reproduzem cá.
Por isso, pegue nos binóculos, apure os ouvidos e saia para o campo.
Papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca):
Esta pequena ave insectívora é um grande voador, ainda que só tenha cerca de 13 centímetros de comprimento. É um ícone das migrações de Outono em Portugal. Em Setembro torna-se tão abundante que “pode chegar a ser a ave mais comum em certos locais”, segundo o livro “Aves de Portugal Continental”. Procure-o em qualquer zona arborizada, mesmo nos jardins das cidades. Esta pequena ave costuma pousar, à vista, nos ramos das árvores.
Papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata):
O forte desta ave não é, certamente, o garrido das penas. Na verdade, tem uma plumagem castanha que a pode fazer passar despercebida. Mas procure-a em qualquer local com árvores, incluindo pomares e jardins. Será elevada a probabilidade de ver (ou ouvir) um papa-moscas-cinzento. Ainda assim, não é tão frequente quanto o papa-moscas-preto.
Chasco-cinzento (Oenanthe oenanthe):
Durante a migração, esta ave torna-se numa das espécies mais comuns em terrenos abertos, em especial no litoral. Procure-a em terrenos abertos, campos de restolho, dunas, zonas agrícolas ou terrenos incultos. Esta espécie tem uma população nidificante em Portugal, em especial nas terras altas do Norte e Centro do país, mas é pouco significativa. Nesta altura, a maioria dos chascos-cinzentos que podemos ver são as aves que estão de passagem a caminho de África, vindas de outros países europeus.
Cartaxo-nortenho (Saxicola rubetra):
Setembro é também uma excelente oportunidade para ver o cartaxo-nortenho, ave pouco comum em Portugal e com a sua característica sobrancelha branca. Como nidificante, esta ave “está confinada às serras do extremo Norte do país”, segundo o livro “Aves de Portugal Continental”. Mas nas migrações de Outono surge numa grande variedade de habitats. Procure-o em zonas abertas, em especial pousado em vedações ou em pequenos arbustos.
Papa-amoras (Sylvia communis):
O papa-amoras mede entre 13 e 15 centímetros, tem a cauda comprida, a cabeça cinzenta e a garganta quase branca. Procure esta ave de asas ruivas nas sebes, silvados e moitas. Talvez seja necessário um pouco de paciência, dado que esta bonita ave é esquiva. Segundo o livro “Aves de Portugal Continental”, as populações de papa-amoras diminuíram nas últimas décadas, especialmente devido às secas severas nas zonas do Sahel onde passa o Inverno. Por isso, o número de aves que por aqui passa no Outono é “consideravelmente mais reduzido do que no passado”.