Banner

Dicas para observar as aves que estão a chegar à Ria de Aveiro

25.09.2018

As salinas de Aveiro estão a encher-se de aves. Nesta altura do ano, centenas de indivíduos chegam à procura de alimento e abrigo vindos do Norte da Europa. O fotógrafo João Nunes da Silva conhece a zona e as suas aves como ninguém e deixa-lhe cinco dicas para apreciar ao máximo a vida selvagem.

 

As manhãs e os finais de tarde de Outono são ideais para observar aves migradoras, especialmente os flamingos, borrelhos e pilritos-de-peito-preto que estão a chegar à Ria de Aveiro.

 

Maçarico na Ria de Aveiro

 

João Nunes da Silva, fotógrafo de natureza há 25 anos, acompanha as aves das salinas e da ria de Aveiro durante todo o ano. “No Verão não se observam tantas espécies como no Outono, quando chegam centenas de aves do Norte da Europa para aqui passarem o Inverno”, contou à Wilder.

De momento, o fotógrafo está a preparar um livro sobre os flamingos e a Ria de Aveiro tem lugar de destaque. “Gosto muito de flamingos e resolvi fazer um trabalho sobre eles. Será um livro com vários elementos, desde a evolução dos flamingos na Ria, a migração, as anilhas à extração do sal.” Data de publicação? A data de publicação ainda não está marcada. “Não tenho pressa, talvez em 2020.”

Para nos ajudar a apreciar a natureza outonal da região deixa cinco dicas.

Mas antes de ir é sempre bom lembrar: “Não faça movimentos bruscos e não se aproxime demasiado das aves.” Não tenha pressa e aproveite o momento.

 

Espécies para ver agora: das inúmeras espécies que enchem por estes dias as salinas e a ria de Aveiro, João Nunes da Silva destaca três: flamingo-comum (Phoenicopterus roseus), borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula) e pilrito-de-peito-preto (Calidris alpina). Não será difícil encontrar flamingos. “Estão por toda a ria”, diz João Nunes da Silva.

 

Flamingos na zona das ribeiras, na Ria de Aveiro

 

O fotógrafo tem notado um aumento no número de flamingos na ria de Aveiro. Um espectáculo a não perder é apreciar os bandos de centenas de pilritos-de-peito-preto, em voo sincronizado. “É muito interessante. No Outono/Inverno, chegam às salinas, bandos de centenas de pilritos, ao amanhecer ou ao fim do dia. É muito interessante vê-los pousados, abrigados do vento nas salinas.”

Curiosidade: verá que há flamingos com um tom rosa das penas mais intenso e outros mais esbranquiçados. A intensidade do rosa indica as aves que chegaram mais recentemente a Portugal, vindas principalmente de Espanha ou de França. Tudo porque lá se alimentam mais do camarão que lhes confere a coloração rosa mais intensa. Os mais esbranquiçados são os flamingos juvenis, que passam todo o ano no nosso país.

 

Aves limícolas na zona da Torreira, na Ria de Aveiro

 

Onde ver aves: João Nunes da Silva sugere quatro locais onde se pode dirigir para observar as aves da Ria de Aveiro: as salinas na zona da cidade de Aveiro ou nos arredores; a zona da Torreira, do outro lado da ria; Bestida, em frente à Torreira – nesta zona rural pode ver limícolas, flamingos, garças, patos, mas também águia-sapeira, águia-de-asa-redonda, águia-pesqueira -; e a zona das Ribeiras, em Pardilhó, num percurso ao longo da margem da ria a partir do qual pode ver flamingos de perto.

Dica: Há um percurso ciclável em Bestida e um passadiço na zona das Ribeiras.

 

Borrelho-grande-de-coleira em Bestida

 

Quando: as melhores alturas do dia para procurar as aves da Ria são o amanhecer e o anoitecer.

 

Perna-longa nas salinas junto à cidade de Aveiro

 

Porquê no Outono: Quando começa a ficar mais frio na Europa, as aves decidem que chegou o momento de rumarem a Sul. Para muitas, o destino é Portugal. Aqui encontram um clima mais ameno e maior abundância de alimento. Agora há um “aumento significativo de aves” na Ria de Aveiro.

 

Zona de Bestida, na Ria de Aveiro, ao final do dia

 

Porquê na Ria de Aveiro: 

A região oferece várias escolhas e opções aos migradores. “Quando a maré está baixa, as aves vão para a ria, para os bancos de areia, onde se alimentam. Quando a maré está cheia, as aves vão para as salinas porque os bancos de areia da ria desapareceram”, explica o fotógrafo de natureza. As salinas, com abundância de alimento, “têm um potencial muito grande para conservar aves limícolas, por exemplo, tanto como zonas de alimentação como de nidificação”.

 

Flamingos na zona da Torreira, na Ria de Aveiro

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Relembre a reportagem que fizemos em Salreu, num dia com João Nunes da Silva.

Saiba o que este fotógrafo pretende descobrir sobre os flamingos da Ria de Aveiro.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

Don't Miss