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Esta exposição reuniu todas as corujas e mochos de Portugal

30.01.2018

Três fotógrafos juntaram-se para nos mostrar as sete espécies de aves de rapina nocturnas de Portugal. A exposição está à sua espera no Palácio de D. Manuel, em Évora, até 14 de Fevereiro.

 

A coruja-das-torres (Tyto alba), a coruja-do-mato (Strix aluco), o mocho-galego (Athene noctua), o bufo-real (Bubo bubo), o bufo-pequeno (Asio otus), a coruja-do-nabal (Asio flammeus) e o mocho-d’orelhas (Otus scops) estão todos representados na exposição colectiva “Aves de rapina nocturnas em Portugal”.

 

Bufo-real. Foto: Artur Vaz Oliveira

 

A exposição – organizada pela Câmara Municipal de Évora, pelo Laboratório de Ornitologia – Universidade de Évora e pela STRI/ALDEIA – é composta por 21 fotografias, da autoria de Artur Vaz Oliveira, Pedro Marques e Pierre Lemos. Todos se dedicam à fotografia de natureza como passatempo.

“Esta é a primeira vez que a exposição está disponível ao público em geral”, explicou à Wilder Inês Roque, do Laboratório de Ornitologia – Universidade de Évora. “Foi criada para a World Owl Conference de 2017, que se realizou em Setembro em Évora. Agora o conceito evoluiu e a ideia é levá-la a vários pontos do país.”

 

Coruja-do-nabal: Pedro Marques

 

Cada imagem é acompanhada por informações sobre a espécie. Isto porque o objectivo por detrás da exposição é sensibilizar as pessoas para a importância destas aves.

“Gostaria que esta exposição possibilitasse um melhor conhecimento das espécies e que, dessa forma, pudessem contribuir para a sua conservação”, contou à Wilder Artur Vaz Oliveira. “A verdade é que algumas pessoas vivem uma vida inteira ao lado de algumas delas e nunca as viram.”

A acompanhar as imagens estão, por exemplo, as estimativas populacionais para as sete espécies. Actualmente, todas têm tendências negativas ou incertas. Segundo Inês Roque, estas aves de rapina estão ameaçadas pela perda dos locais de nidificação, pelos atropelamentos, pelas alterações no seu habitat, nomeadamente pelas monoculturas intensivas e uso de químicos.

 

Bufo-pequeno (juvenil). Foto: STRI/Rapinas Nocturnas de Portugal

 

Mas a conotação negativa que lhe era atribuída pela cultura popular já está a desaparecer. “As aves já foram mais perseguidas por serem consideradas aves de mau agoiro. Hoje já se desmistificou um pouco” este cenário, comentou a investigadora. Agora, acrescentou, faltam medidas de conservação para estas aves.

De acordo com os organizadores da exposição, uma iniciativa patrocinada pela Altri, as rapinas noturnas são predadores de topo que “contribuem para a sustentabilidade das populações das suas presas e a sua presença é indicadora de ecossistemas equilibrados e de grande valor biológico”. Algumas espécies são importantes para a agricultura biológica, “para controlo natural de pragas de micromamíferos e insectos” e para a monitorização da contaminação ambiental, “uma vez que acumulam uma série de poluentes químicos ampliados ao longo da cadeia alimentar”. 

 

Mocho-galego: Pierre Lemos

 

E para ajudar estas rapinas nocturnas, “todas as fotografias foram obtidas sem perturbar as aves”, salientou Inês Roque. “Há quem use iscos ou tire fotografias demasiado perto. Ora esta exposição mostra que não é preciso isso para conseguir fotografias extraordinárias.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais. 

Conheça estes números sobre as populações das sete espécies:

Coruja-das-torres:

Residente

Estimativa populacional: 5.700-8.100 casais

Tendência negativa

Estatuto: Pouco Preocupante

Mocho-d’orelhas:

Estival

Estimativa populacional: 3.500-7.700 casais

Tendência negativa

Estatuto: Informação Insuficiente

Bufo-real:

Residente

Estimativa populacional: 380-580 casais

Tendência incerta

Estatuto: Quase Ameaçado

Mocho-galego:

Residente

Estimativa populacional: 58.000-137.000 casais

Tendência negativa

Estatuto: Pouco Preocupante

Coruja-do-mato:

Residente

Estimativa populacional: 8.000-15.000 casais

Tendência incerta

Estatuto: Pouco Preocupante

Bufo-pequeno:

Residente

Estimativa populacional: 200-1.000 casais

Tendência incerta

Estatuto: Informação Insuficiente

Coruja-do-nabal:

Invernante

Estimativa populacional: 100-160 indivíduos

Tendência não disponível

Estatuto: Em perigo

Estimativas populacionais: Lourenço et al.2015. Current status and distribution of nocturnal birds (Strigiformes and Caprimulgiformes) in Portugal. Airo 23: 36-50.

Tendências populacionais: GTAN-SPEA, 2017. Relatório do Programa NOCTUA Portugal (2009/10 – 2016/17). Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Lisboa (relatório não publicado). 

 
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez:
Participe no censo NOCTUA e ajude a contar as rapinas nocturnas de Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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