Quarenta fotografias de Albano Soares estão expostas no UC Exploratório a partir desta quinta-feira, dia 20, numa mostra organizada pelo projeto PolinizAÇÃO.
Não são só abelhas-do-mel, embora estas sejam de longe os polinizadores mais conhecidos. Em Portugal, há uma enorme variedade de insetos que transportam grãos de pólen de umas flores para outras, assegurando assim a polinização e o nascimento futuro de novas plantas. Cada um tem as suas características particulares.
É esta a ideia central da exposição “Pequenos Gigantes, Guardiões da Biodiversidade”, que inaugurou esta quinta-feira no UC Exploratório, o centro de ciência viva da Universidade de Coimbra. A entrada é livre.
O objetivo é despertar “a curiosidade e a consciência sobre a importância dos polinizadores” junto de diferentes públicos, desde especialistas e entusiastas da natureza até crianças e famílias, explicou à Wilder Carolina Caetano, gestora de comunicação do projeto PolinizAÇÃO e organizadora desta iniciativa.
Assim, quem for ao UC Exploratório vai deparar-se com 40 retratos de diferentes abelhas, moscas-das-flores e borboletas, nas quais poderá apreciar calmamente o que torna única cada uma das espécies, desde o tamanho e formato das antenas às cores que as revestem. Nalgumas, como a abelha solitária Andrena pilipes que dá a cara ao cartaz do evento, conseguimos ainda perceber as cores vivas dos grãos de pólen agarrados ao corpo do inseto. Cada fotografia é acompanhada por um pequeno texto sobre esse animal, tal como o nome da espécie e o grupo a que pertence.
Veja abaixo três das 40 fotografias, com as respetivas legendas que as acompanham na exposição:
incluindo algumas culturas agrícolas.
Apesar da sua aparência, esta é uma mosca que imita uma vespa para dissuadir os seus predadores. Depende de florestas saudáveis, onde a sua larva se alimenta de matéria em decomposição na madeira de árvores antigas. Em adulta, visita flores de fácil acesso para se alimentar de pólen e néctar.
Apesar de ser noturna, também está ativa ao final do dia. É uma excelente voadora, e realiza migrações anuais de centenas de quilómetros entre África e a Europa. A sua larva alimenta-se principalmente em solda (género Galium) e em leiteira (género Euphorbia).
Uma “maneira fantástica” de promover para conservar
Todas as imagens expostas são da autoria de Albano Soares, entomólogo e taxonomista. “Dedico-me à fotografia de insetos porque é uma maneira fantástica de promover estas espécies”, disse à Wilder este técnico da ONGA portuguesa Tagis, para quem fazer este tipo de retratos se tem vindo a tornar “uma missão”. “Se não conhecermos os insetos, não os conseguimos conservar”, acredita.
Carolina Caetano lembra que o primeiro contacto com o trabalho de Albano aconteceu quando começou a gerir as redes sociais do projeto PolinizAÇÃO, em 2024. “Uma das minhas preocupações foi dar visibilidade à diversidade de polinizadores que há em Portugal e desmistificar um bocadinho a ideia de que só existe a abelha-do-mel como espécie polinizadora. O Albano cedeu-nos algumas das suas fotografias para uma pequena campanha nas redes sociais chamada Pollinator Spotlight, e acho que esse foi o ponto de partida, mesmo que na altura ainda não o soubesse.”
Foi então que surgiu a vontade de “comunicar a biodiversidade dos polinizadores de uma forma mais imersiva e também acessível”, e daí a iniciativa para esta nova exposição e a colaboração com o centro de ciência viva da Universidade de Coimbra.
Além da nova mostra, que inaugurou esta quinta-feira à tarde com a presença de Albano Soares, está disponível uma extensão na MicroScience Photo Gallery do UC Exploratório, com um conjunto de propostas de atividades interativas sobre biodiversidade e polinização para todos os públicos, indicou também a mesma responsável. “Creio que terão mais interesse para os mais novos. Estamos a falar de painéis magnéticos para ligar plantas e polinizadores, entre outras surpresas.”