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Inseto polinizador. Foto: Silvia Castro

Projeto europeu de restauro de habitats para conservação de polinizadores selvagens avança em Coimbra

24.07.2025

O projeto europeu BeeConnected SUDOE vai aumentar a proteção e a conservação dos polinizadores selvagens em Portugal, Espanha e França. No nosso país, as acções acontecem em Coimbra.

Em Portugal, o projeto “Restauração de Infraestruturas Verdes para os Polinizadores em Paisagens Fragmentadas (BeeConnected SUDOE) tem a participação de João Loureiro e de Sílvia Castro, professores do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigadores do Centro de Ecologia Funcional (CFE), e da Câmara Municipal de Coimbra (CMC). 

Ao longo de três anos, serão desenvolvidos planos de restauro ecológico adaptados aos contextos agrícolas e periurbanos específicos do sudoeste europeu. “O objetivo é combater a fragmentação dos habitats, promovendo a conectividade entre áreas naturais e seminaturais isoladas, de forma a favorecer a diversidade e resiliência das comunidades de polinizadores selvagens”, explica a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra em comunicado. 

Sílvia Castro especificou que este projeto vai criar e restaurar infra-estruturas verdes em ambientes agrícolas, urbanos e periurbanos, em linha com os princípios do Pacto Ecológico Europeu. As ações de restauro ecológico serão desenvolvidas em quatro zonas-piloto do projeto, promovendo a conservação dos polinizadores selvagens em diferentes ambientes do Sudoeste europeu. 

“Em cada uma das zonas-piloto de Espanha, França e Portugal serão implementadas medidas de melhoria de habitats para os polinizadores, de acordo com as necessidades identificadas localmente”, explicou.

“Serão realizadas ações de recuperação de habitats degradados, acompanhadas de sementeiras de plantas autóctones produtoras de néctar e pólen, que servem como recurso alimentar para os polinizadores. Também serão ajustadas práticas de gestão da vegetação para otimizar a disponibilidade de recursos florais. Além disso, serão criados locais de nidificação e abrigo para insetos polinizadores.”

Em Portugal, o caso de estudo centra-se no contexto urbano e periurbano do município de Coimbra.

“Nos próximos três anos, vamos desenvolver várias ações que promovam a biodiversidade de polinizadores selvagens. Entre essas ações, criaremos pequenas áreas verdes estratégicas que funcionarão como pontes na paisagem, ligando habitats isolados e reforçando a sua resiliência. Estas ações dão continuidade a várias iniciativas locais já em curso”, disse António Martins, diretor do Departamento de Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Municipal de Coimbra. 

O projeto vai desenvolver também guias de boas práticas para a criação de habitats favoráveis aos polinizadores em zonas urbanas e periurbanas e ações de sensibilização com diferentes agentes locais para garantir a eficácia, aceitação e continuidade futura das medidas.

O projeto BeeConnected, financiado com fundos Interreg SUDOE da União Europeia, é coordenado pela Universidade Autónoma de Madrid e conta com a participação da Universidade de Bordéus (França), da Universidade de Coimbra (Portugal) e do Consórcio CREAF (Centro de Investigação Ecológica e Aplicações Florestais), na vertente científica. A SEO/BirdLife será responsável pelas ações de sensibilização, enquanto a Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha, a Câmara Municipal de Coimbra e a Diputación de Girona desenvolverão ações no terreno.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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