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António planta carvalhos e sobreiros todos os Novembros em Arganil

21.09.2016

António Sérgio, 40 anos, é consultor técnico sénior na empresa Esri Portugal na área dos Sistemas de Informação Geográfica. Vive em Lisboa mas todos os Novembros planta carvalhos, sobreiros, azereiros e outras árvores autóctones no terreno do pai em Arganil (distrito de Coimbra).

 

 

O que o António faz pela floresta?

 

Todos os anos desde 2014, no final de Novembro, António planta no terreno do pai em Gândara Chã, na freguesia do Sarzedo (concelho de Arganil, distrito de Coimbra), “várias dezenas de árvores e arbustos de várias espécies autóctones da região”, como carvalhos-alvarinhos, carvalhos-negrais, azereiros, azevinhos, sobreiros, cerejeiras, tramazeiras e castanheiros. As árvores vai buscá-las à maternidade de árvores da organização Lousitânea – Liga de Amigos da Serra da Lousã, na Aldeia do Xisto Aigra Nova. As plantações, diz, têm taxas de sucesso de 95%.

 

Por que razão o faz?

 

“Há cerca de quatro anos comecei a ler e a investigar as árvores e arbustos autóctones portugueses e toda a inerente realidade rural”, explicou à Wilder. Depois, começou a procurar organizações que trabalhassem por uma floresta “verdadeira e diversificada”, com acções de sensibilização e de trabalho no terreno. Foi então que descobriu a  Lousitânea – Liga de Amigos da Serra da Lousã e o seu projecto da maternidade de árvores em Aigra Nova. Tudo isto “coincidiu com o total desbravar de toda a Serra do Sazedo, onde se situam os terrenos do meu pai, por bulldozers para a plantação de um enorme eucaliptal”.

Apesar de saber que “não poderia mudar o concelho de Arganil e a freguesia do Sarzedo”, António decidiu, como cidadão, “que, sim, poderia mudar a realidade dos terrenos do meu pai”.

“Hoje existe no mundo uma necessidade do imediato que, muitas vezes, não se compadece com o crescimento lento de uma árvore ou arbusto autóctone, como por exemplo um carvalho-alvarinho, árvore que tem um tempo de vida entre os 500 e os 1.000 anos”, salientou. “Ao plantarmos uma árvore autóctone estamos a deixar um legado às futuras gerações, para poderem contemplar a natureza na sua grandeza, com uma biodiversidade única.”

 

[divider type=”thick”]Série Wilder Cuidadores de Florestas

Nesta época crítica para as florestas, marcada por incêndios, não vamos falar de área ardida nem tentar explicar as causas desta calamidade. Queremos antes mostrar os portugueses que estão a cuidar das florestas ao longo de todo o ano. Nesta série falámos com os responsáveis por alguns dos melhores projectos de prevenção de fogos e de enriquecimento de florestas e ouvimos as histórias de cidadãos que arregaçam as mangas pelas árvores. Estes são os Cuidadores de Florestas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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