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Floresta. Foto: Pexels/Pixabay

“Há muitas coisas que os cidadãos podem fazer para defender as florestas”

17.08.2017

Há uma nova floresta a crescer no planeta, a Trump Forest, plantada por centenas de cidadãos para compensar a “ignorância” climática do Presidente norte-americano. A Wilder falou com Jeff Willis, um dos três fundadores da campanha.

 

 

Daniel Price, Jeff Willis e Adrien Taylor (da esquerda para a direita). Foto: Trump Forest

 

WILDER: Como se transformaram de cidadãos preocupados em fundadores de uma campanha global? 

Jeff Willis: Todos nós já tínhamos estado envolvidos de alguma forma no activismo climático nos últimos anos. Conhecemos pessoas que estão na linha da frente das alterações climáticas no Bangladesh, Mongólia, Kiribati e em outros locais do mundo.

 

W: E por quê esta campanha em específico?

Jeff Willis: Porque as alterações climáticas são uma das mais graves ameaças à vida humana neste planeta. E porque, apesar de não termos tido a possibilidade de votar nas eleições norte-americanas, a profunda ignorância climática de (Donald) Trump terá consequências para todas as pessoas. Nós os três sentimos que se Trump ia ignorar este enorme desafio não podíamos ficar sentados de braços cruzados.

 

W: Então, o que os cidadãos podem fazer para não ficarem de braços cruzados?

Jeff Willis: No nosso site Trumpforest.com sugerimos duas formas para as pessoas ajudarem a fazer esta floresta crescer. Podem doar directamente aos nossos parceiros, Eden Reforestation Projects, que irão plantar as árvores num dos seus projectos em curso, ou podem encontrar uma organização de reflorestação ou um viveiro a nível local, perto de onde vivem, e depois descarregar o recibo para nos enviar. Tudo é 100% sem fins lucrativos e nós nunca vemos o dinheiro.

 

W: Lançaram a campanha em Março. Já tiveram alguma reacção da Administração Trump?

Jeff Willis: Não ouvimos nada nem de Trump nem da sua Administração… ainda. A sério, o que estamos a fazer é resolver a confusão que ele está a criar com a sua desastrosa atitude em relação às alterações climáticas. Se ele quiser twittar sobre isso iríamos adorar!

 

W: Quantas pessoas estão a trabalhar directamente nesta campanha Trump Forest? 

Jeff Willis: Somos nós os três, todos co-fundadores. Dan Price é cientista em climatologia, Adrien Taylor é o fundador da empresa de chapéus sustentáveis Offcut Caps e eu estou a fazer doutoramento em Ciência Política.

 

W: Este ano os incêndios já destruíram mais de 128.000 hectares de floresta em Portugal. Qual é a importância de uma floresta? 

Jeff Willis: Bem, as florestas são incrivelmente importantes por uma série de razões. O nosso foco é na sua capacidade para sequestrar o carbono e outras formas de poluição do ar. Além disso, vários estudos demonstram que visitar florestas pode reduzir os níveis de stress e trazer outros benefícios para a saúde. Isso é algo que vale a pena proteger.

 

W: E qual poderá ser o papel dos cidadãos para a proteger?

Jeff Willis: Há muitas coisas que os cidadãos preocupados podem fazer. Projectos de plantação e reflorestação como o nosso são um dos caminhos mas também é importante estarmos simplesmente conscientes do que está a acontecer e fazer com que nos oiçam. Precisamos dizer aos políticos e empresários que as florestas não são apenas um recurso para ser explorado sem qualquer plano a longo prazo. E comprar produtos que tenham origem em florestas geridas de forma sustentável.

 

[divider type=”thick”]Conheça melhor o que é a campanha Trump Forest aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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