O leitor Daniel Pais ficou curioso quanto ao comportamento que observou nestas moscas na zona da Marinha Grande. Com a ajuda de Rui Andrade ficámos a saber o que se passa.
“Estava a passear na zona da Marinha Grande e reparei numa parede cheia de moscas. Espreitei com mais detalhe e espero que as fotos consigam mostrar o que enumero abaixo:
– as moscas estavam mesmo naquela zona, não demonstrando interesse em sair;
– havia muitas moscas mais pequenas, com asas atrofiadas ou até aparentemente sem asas;
– havia também muitas moscas na planta , a viverem no caule e entre as folhas, o que achei muito interessante também.
– as moscas da planta pareciam maioritariamente “varejeiras”. Coloquei entre aspas porque podem não ser mesmo varejeiras, mas já tinham uma certa coloração azul ou verde.
O que me conseguem dizer sobre este comportamento? Muito obrigado pelo vosso trabalho, já identifiquei várias espécies com base nos vossos artigos”, escreveu o leitor à Wilder.
Rui Andrade, dinamizador do grupo Diptera em Portugal no Facebook, explicou à Wilder o que Daniel testemunhou.
“Aquilo que se vê nas fotos e o que descreve o leitor são moscas tenerais, ou seja, adultos recém-emergidos do seu pupário”, explicou.
“Parecem, de facto, varejeiras, mais concretamente do género Lucilia (varejeiras-verdes). As larvas de Lucilia são predominantemente saprófagas, desenvolvendo-se em matéria animal em decomposição. Quando terminam de se alimentar, as larvas afastam-se da fonte de alimento e geralmente enterram-se no solo onde se transformam em pupa. Quando o adulto emerge do pupário o seu exosqueleto está mole, a sua cor é pálida, e as asas estão dobradas, sendo incapaz de voar. Nos minutos e horas seguintes a mosca está geralmente mais inactiva à medida que adquire a cor definitiva e as asas se expandem e endurecem.”
“As moscas das fotos devem ter-se desenvolvido, enquanto larvas, no mesmo animal morto e estão agora a iniciar a fase adulta. Enquanto adquirem o seu aspecto definitivo repousam na vegetação e na parede.”