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Cria de urubu-rei a ser alimentada, no Zoo do Bronx. Foto: Terria Clay

Em Nova Iorque, cria de urubu-rei está a ser alimentada com ajuda de um fantoche

02.05.2025

Objetivo é ajudar ao desenvolvimento bem-sucedido deste jovem abutre, evitando também que se habitue aos humanos, informou o Zoo do Bronx.

A técnica de utilizar um fantoche de mão que imita os progenitores, para alimentar crias com pouco tempo de vida, foi desenvolvida há mais de 40 anos.

Vídeo: Bronx Zoo

Esta cria de urubu-rei (Sarcoramphus papa), cujo sexo está ainda por determinar, é valiosa para os conservacionistas que trabalham neste jardim zoológico porque o seu pai teve até hoje apenas um outro descendente que ainda permanece com vida. Nascida a 25 de fevereiro, esta é também a primeira ave da espécie nascida no Zoo do Bronx desde os anos 1990.

“Nesta fase do desenvolvimento, o nosso pessoal está a alimentar a cria com o fantoche feito no zoológico uma vez por dia e estamos a trabalhar para garantir que não se habitua ao contacto humano”, afirmou o curador de ornitologia do zoo, Chuck Cerbini, citado numa nota de imprensa.

O fantoche foi desenvolvido e montado pelo Departamento de Artes Gráficas e Exposições do Zoo do Bronx. Foto: Terria Clay

“Num recinto separado, adjacente ao da cria, está um urubu-rei adulto que permite que esta fique exposta ao comportamento apropriado dos urubus-reis”, continuou o mesmo responsável. “Esse é outro passo para assegurar que esta cria cresce até se tornar uma ave adulta saudável e que socializa de forma adequada à sua espécie.”

Um urubu-rei adulto. Foto: Anthony Batista/Wiki Commons

O urubu-rei é um abutre presente na América, desde o sul do México ao norte da Argentina e Uruguai, considerado atualmente em situação Pouco Preocupante pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Todavia, os números desta ave necrófaga estão a descer nalgumas partes do território que habita, devido à destruição do seu habitat e à caça furtiva.

Cria de urubu-rei nascida a 25 de fevereiro, no Zoo do Bronx. Foto: Terria Clay

Os pequenos urubus-reis nascem com a plumagem do corpo toda branca. Começam a ganhar as cores de juvenil quando chegam ao quarto mês de idade. No entanto, apenas com quatro anos é que atingem a plumagem completa de uma ave adulta.

No Zoo do Bronx, a técnica de utilizar um fantoche para alimentar uma cria de ave foi utilizada pela primeira vez em 1980, quando três crias de condor-dos-andes foram criadas dessa forma. Mais tarde foram transportadas para o Noroeste do Peru, onde foram libertadas na natureza.

O fantoche de mão manejado por Carolyn Fuchs, gestora do Departamento de Artes Gráficas e Exposições. Foto: Terria Clay

Esta mesma técnica tem sido utilizada por diversos zoos para auxiliar a criação em cativeiro do condor-da-califórnia, uma espécie Criticamente em Perigo de extinção, que está a ser gradualmente reintroduzida na área de distribuição histórica.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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