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Como são as crias das águias-de-Bonelli?

21.04.2016

A águia-de-Bonelli é rara de se ver. Confunde-se na paisagem. Mas acima de tudo é rara e ameaçada. Por isso, imagens como estas são únicas. As crias nasceram este ano num centro em França e vão ajudar a recuperar a espécie. Christian levou 10 anos até conseguir reproduzir estas águias. O ano começa bem, acredita.

 

Este ano já nasceram 10 crias de águia-de-Bonelli (Aquila fasciata) no centro de vida selvagem em Vendée (na costa Oeste de França, no Golfo da Biscaia), gerido pela UFCS (Union Française des Centres de Sauvegarde de la faune sauvage) e LPO (Ligue pour la Protection des Oiseaux). Para o início de Maio estão previstos mais nascimentos, avança a LPO em comunicado.

 

 

Mas este é um processo que está longe de ser fácil. Na verdade, é mais como uma “proeza, uma vez que esta espécie raramente se consegue reproduzir em cativeiro”, explica a organização francesa.

O trabalho de Christian Pacteau, director daquele centro francês, começou em 1995. Apenas em 2015 conseguiu resultados, depois de uma alteração no regime alimentar das aves, de não haver mortalidade embrionária e com apenas quatro casais.

 

 

Várias destas crias serão reintroduzidas em Espanha, no âmbito do programa LIFE Bonelli, projecto para recuperar as populações desta ave naquele país. Uma das medidas é o reforço populacional nas regiões de Madrid, Navarra, Alava e em Mallorca.

Desde 2011 até agora, França já cedeu a Espanha um total de 20 águias-de-Bonelli para serem reintroduzidas na natureza.

 

 

A Europa tem entre 1.013 a 1.105 casais de águia-de-Bonelli, ou águia-perdigueira. Em Portugal, o Livro Vermelho dos Vertebrados (2005) dava conta de uma população de 50 a 250 indivíduos de uma espécie classificada como Em Perigo.

Com estas crias, Christian diz que o ano começa bem naquele centro. As ainda minúsculas aves enchem-no de esperança em ajudar a recuperar as populações de águia-de-Bonelli na Europa.

Com uma envergadura de asa entre os 1,50 e os 1,80 metros, a águia-de-Bonelli é uma rapina muito discreta que se confunde na paisagem de matagais e penhascos da bacia mediterrânea.

 

 

A espécie registou uma enorme queda da sua população nos anos 70 e 90 na Europa. As maiores causas são a electrocussão em linhas de média tensão, a perda de habitat e perseguições.

Em Portugal, os maiores núcleos da espécie situam-se em Trás-os-Montes e Beira Alta e nas serras de Grândola ao Caldeirão, no Sul do país, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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