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Escaravelho Lampromeloe pantherinus. Foto: Mario Garcia Paris

Cientistas descrevem nova espécie de escaravelho africano

03.04.2024

O escaravelho Lampromeloe pantherinus, que vive no Norte de África, já faz parte das espécies descritas para a Ciência, graças ao trabalho de uma equipa de investigadores espanhóis.

Investigadores do Museu Nacional espanhol de Ciências Naturais (MNCN-CSIC) e do Instituto de Estudios Ceutíes estudaram a distribuição da diversidade genética das espécies de escaravelhos do género Lampromeloe.  

Depois de fazerem a análise de ADN e de morfologia dos exemplares descobriram e descreveram a nova espécie cujo exemplar tipo (que serviu para a descrever) está depositado na colecção de Entomologia do MNCN.

Escaravelho Lampromeloe pantherinus. Foto: Mario Garcia Paris

A espécie protagonista deste estudo, publicado num artigo da revista European Journal of Taxonomy, caracteriza-se pelo seu abdómen volumoso e pelo seu chamativo tegumento, a parte dos artrópodes que compreende a cutícula e a epiderme, de aspecto metálico e com uma combinação de tons esverdeados, violetas e negros.

O nome da espécie, Lampromeloe pantherinus, foi escolhida em homenagem ao género dos grandes felinos (Panthera), mais concretamente ao último leão-do-Atlas (Panthera leo leo) conhecido em Marrocos em estado selvagem e que foi abatido em 1942 em Tizi n’ Tichka, o mesmo local onde foi colectado o holotipo desta nova espécie. Fica na Cordilheira do Atlas, concretamente em algumas localidades da Argélia, Marrocos e Tunísia. 

Este escaravelho vive em espaços abertos como pastagens de montanha, limites de florestas e zonas agrícolas. Ao preferir as condições climáticas típicas das áreas de montanha é especialmente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas.

“Os escaravelhos do género Lampromeloe são espécies do grupo dos meloídeos, também conhecidos como arrebenta-bois, e caracterizam-se por produzir cantaridina, uma substância que tem interesse farmacológico e que usam como estratégia de defesa”, explicou, em comunicado, Alberto Sánchez-Vialas, investigador do MNCN. 

Um dos exemplares tipo do escaravelho. Fotos: Alberto Sanchez Vialas

“Dentro deste género considerava-se que existiam apenas duas espécies no Paleártico Ocidental, a Lampromeloe variegatus e a Lampromeloe cavensis, as quais estão amplamente distribuídas na Europa e em algumas zonas do Norte de África, Ásia e Península Arábica. Precisamente a grande capacidade para dispersão a longa distância destes escaravelhos durante o seu estado larvar motivou o nosso interesse em analisar a sua complexa distribuição genética”, acrescentou o investigador.

O trabalho experimental consistiu em análises filogeográficas, ou seja, da distribuição geográfica da diversidade genética. Para isso foram usados marcadores genéticos mitocondriais complementados com revisões da morfologia dos organismos.

“Os resultados mostram que as populações de Lampromeloe variegatus da Europa e do Norte de África constituem, na realidade, duas espécies diferentes”, disse Estefany Karen López-Estrada, investigadora do mesmo Museu. 

“Esta investigação ajuda a tornar mais clara a complexa taxonomia deste grupo tão interessante mas é preciso continuar a trabalhar para determinar a diversidade genética de outras populações do grupo”, advertiu Mario García París, investigador do mesmo Museu.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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