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Foto: Joana Bourgard / Wilder

Estes são 7 censos de Primavera que estão à nossa espera

08.03.2024

Desde as andorinhas e borboletas aos gelatinosos e às mantas e milhafres, aqui estão algumas interessantes ações de ciência cidadã a que nos podemos juntar, ajudando os cientistas ao mesmo tempo que aprendemos mais sobre o mundo fascinante que nos rodeia.

1. Andorin

Ninho de andorinha-dos-beirais. Foto: HTO/Wiki Commons

O projeto da associação Vita Nativa dedica-se à monitorização e conservação de andorinhas e andorinhões, muitos dos quais são espécies migradoras, que por estes meses chegam a Portugal para uma nova época de reprodução. Conhece alguma colónia de andorinhas? Costuma ver andorinhões a sobrevoar os telhados ao pé de casa? Então, esteja atento ao regresso destas aves e quando se aperceber de que iniciaram a nidificação, registe esse dado no portal do Andorin.

2. Censo de Aves Comuns

Cuco-canoro. Foto: Ron Knight/WikiCommons

O Censo de Aves Comuns (CAC), organizado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) tanto no continente como nos Açores e Madeira, tem início em Abril e prolonga-se até Junho. Destina-se a quem já tenha conhecimento sobre diferentes espécies e consiga distingui-las pelo canto, o que pode ser difícil, e também por observação visual. Os dados do CAC são sempre partilhados no Esquema Pan-Europeu de Monitorização de Aves Comuns (PECBMS, na sigla inglesa) e servem para se calcularem todos os anos as tendências populacionais de diversas espécies a nível europeu. Sente-se preparado para participar? Saiba mais aqui.

3. Censos de Borboletas de Portugal

Borboleta-loba. Foto: Rui Félix

Iniciados em Portugal em 2019, os Censos de Borboletas são coordenados pela associação Tagis e podem receber contribuições de duas maneiras diferentes, sempre com o apoio da app Butterfly Count. A primeira é através da realização de transetos, que são pequenos percursos fixos que devem ser feitos periodicamente, com o objetivo de identificar as borboletas que se veem ao longo do caminho. Outra é mais “livre” e necessita apenas de 15 minutos, durante os quais o voluntário pode dar um passeio registando as diferentes borboletas que encontrar. Estas contagens realizam-se em vários países europeus e os dados obtidos são utilizados no eBMS – European Butterfly Monitoring Scheme. Saiba mais no site da Tagis e também no canal de Youtube, onde está disponível um curso para aprender a identificar as borboletas mais comuns. E recorde também estas dez dicas.

4. Rede de Estações de Borboletas Noturnas

Borboleta noturna da espécie Spilosoma lubricipeda. Foto: João Nunes

Hoje com mais de 70 estações a funcionar em Portugal, esta rede de pontos de amostragem tem como objetivo contribuir para que se saiba mais sobre as cerca de 2.600 espécies de borboletas noturnas que se conhecem hoje no país, que começam a ficar mais ativas à medida que as noites se tornam mais quentes. A REBN teve início em Janeiro de 2021, por iniciativa de Helder Cardoso, ornitólogo que há vários anos se dedicava também às borboletas noturnas, e está aberta a todos os interessados – mesmo aqueles que não tem experiência na identificação dessas espécies, bem mais diversas e coloridas do que se costuma pensar. Pode saber mais nesta entrevista, publicada no final de 2022, e também nos dados mais recentes divulgados pelo projeto.

5. FITCount – Interações entre plantas e polinizadores

Mosca-das-flores (Eupeodes sp.) numa pereira. Foto: CFE

Lançada em português em 2024, a app FITCount vai permitir que qualquer um de nós ajude os investigadores a terem mais conhecimento sobre a situação dos insetos polinizadores em Portugal e sobre as plantas preferidas por diferentes espécies. “Os participantes podem selecionar uma planta em flor, delimitar uma área de 50×50 cm que inclua a respetiva flor-alvo e contar todos os polinizadores que interagem com flores dessa planta durante 10 minutos”, explicou recentemente Sílvia Castro, coordenadora do projeto PolinizAÇÃO – Plano de Ação para a Conservação e Sustentabilidade dos Polinizadores, juntamente com João Loureiro, ligados à Universidade de Coimbra. As contagens podem ser feitas ao longo de todo o ano, em qualquer momento do dia, desde que as condições meteorológicas estejam quentes e secas. E os meses de Primavera são um período ideal para começar.

6. GelAvista

Medusa-do-Tejo. Foto: Duarte Frade/WikiCommons

Lançado pelo IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera em 2016, o GelAvista tem ajudado ao aumento da informação sobre as espécies de gelatinosos na costa portuguesa, tanto as diferentes espécies como as datas em que são mais observadas. Se morar perto de uma praia, ou mesmo que esteja um pouco mais distante, aproveite para ir passear à beira-mar e colabore com este projeto de ciência cidadã, que já tem também associada a app GelAvista, que facilita os registos. Saiba como colaborar aqui.

7. Mantas na Madeira e milhafres nos Açores

Milhafre. Foto: Olivier Coucelos

Este censo coordenado pela SPEA realiza-se tanto nos Açores como na Madeira, no fim-de-semana de 6 e 7 de Abril. As contagens debruçam-se sobre subespécies locais da águia d’asa redonda (Buteo buteo), ave de rapina que é comum em Portugal Continental. No arquipélago açoriano, a ave em causa (Buteo buteo rothschildi) é chamada de milhafre ou queimado e é endémica da região, único sítio do mundo onde habita. O mesmo se passa no arquipélago madeirense com a manta (Buteo buteo harterti), espécie semelhante, que é ali o alvo deste censo. Os milhafres açorianos e as mantas são semelhantes: a plumagem nas partes superiores é acastanhada; na parte inferior, castanho-claro com manchas e listas; a parte interior das asas é esbranquiçada e o bico é forte, preto e amarelo. Para saber mais, pode assistir a um webinar gratuito marcado para 27 de Março ao final da tarde, aqui.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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