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Floresta. Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay
Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay

Ainda há 9.000 espécies de árvores por descobrir

01.02.2022

Um esforço mundial de cientistas produziu a primeira estimativa global do número de espécies de árvores do planeta. E concluiu que ainda há mais de 9.000 espécies desconhecidas para a Ciência.

Hoje estão descritas cerca de 64.000 espécies de árvores. Ainda assim, o número global será bem maior, 73.000, porque ainda há 9.000 que não estão documentadas.

Uma equipa internacional de investigadores, cujo trabalho foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, revela que haverá hoje no planeta cerca de 73.300 espécies de árvores.

“A diversidade de espécies de árvores é crucial para manter florestas saudáveis e produtivas e é importante para a economia e para o Ambiente”, comentou Jingjing Liang, da Universidade de Purdue e co-autor do estudo, em comunicado.

Jingjing Liang. Foto: Tom Campbell/Universidade de Purdue

Para chegar a estes números, os investigadores combinaram bases de dados individuais sobre árvores. “Cada grupo de dados surge de alguém que vai para a floresta e mede cada árvore que encontra, recolhendo informação sobre a espécie, dimensão e outras características. “Contar o número de espécies de árvores no mundo é como fazer um puzzle em que as peças estão espalhadas por todo o planeta. Resolvemos este puzzle como uma equipa, cada um partilhando a sua peça”, explicou Liang.

Hoje, essas bases de dados juntas incluem mais de 38 milhões de árvores, distribuídas por 90 países e 100 territórios.

Para Peter B. Reich, outro co-autor do estudo e professor de ecologia da floresta nas universidades do Minnesota e do Michigan, “estes resultados sublinham a vulnerabilidade da biodiversidade florestal mundial face às mudanças antropogénicas, em especial o uso do solo e o clima, porque a sobrevivência de taxa raros é desproporcionalmente ameaçada por essas pressões”.

Os investigadores estimam que um terço das espécies por descobrir são raras e com apenas alguns indivíduos. Deverão existir em regiões tropicais ou subtropicais como a floresta tropical da Amazónia.

Floresta Amazónica. Foto: Rosa Maria/Pixabay

“Por exemplo, a América do Sul contem cerca de 43% das espécies de árvores do planeta e o número mais elevado de espécies raras”, disse Liang. “É muito possível que possamos perder espécies de árvores para a extinção antes mesmo de as podermos descrever.”

Por isso, Bryan Pijanowski, professor de ecologia da paisagem na Universidade de Purdue que também participou no estudo, considera que esta investigação é um passo crucial para a protecção ambiental. “À medida que os investigadores avaliam de que forma a biodiversidade mundial está a mudar, precisamos saber quantas espécies existem actualmente e onde estão os hotspots para podermos começar a reverter as tendências preocupantes a que estamos a assistir no planeta Terra.”

“Independentemente do que acontecer no futuro, as nossas crianças e os seus filhos irão saber que a Terra alberga cerca de 70.000 espécies de árvores no início do século XXI”, comentou Mo Zhou, outro investigador da Universidade de Purdue que participou no estudo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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