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ramagem de um carvalho

Árvores bem localizadas melhoram qualidade do ar nas cidades

09.10.2018

Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro estudou o potencial dos espaços verdes para melhorarem a qualidade do ar no Porto. Os resultados podem ser replicados noutras cidades.

 

O novo estudo, cujas conclusões foram publicadas este mês na revista Atmospheric Environment, analisou qual é a capacidade que um espaço verde pode ter na redução de dois dos principais poluentes que afectam as cidades: as partículas em suspensão no ar e o dióxido de azoto.

“Só estes dois poluentes poderiam ser reduzidos em cerca de 20 por cento com a ajuda da Natureza”, sublinha em comunicado a Universidade de Aveiro, onde trabalham os autores do estudo, ligados ao Centro de Estudos do Ambiente e do Mar.

Nas cidades, o dióxido de azoto e as partículas em suspensão no ar, tão pequenas que podem ser inaladas, têm como principal fonte o tráfego automóvel. “No Porto, e de uma forma geral nas cidades portuguesas, [estes dois poluentes] são os mais preocupantes para a saúde pública.”

A investigação centrou-se no bairro portuense do Batalhão dos Sapadores, mais concretamente na Rua da Constituição. Através de modelos numéricos previamente produzidos, a equipa liderada por Sandra Rafael simulou o que aconteceria se um bloco de edifícios dessa rua fosse substituído por um parque verde urbano, com 570 metros quadrados.

 

rua rodeada de prédios
Aspecto da Rua da Constituição, no Porto. Foto: Manuel de Sousa/Wiki Commons (Arquivo)

 

Conclusão? Essa área com árvores, junto à Rua da Constituição, “permitiria reduzir, em média, as concentrações de partículas em suspensão no ar em 16 por cento e de dióxido de azoto em 19 por cento”, indicam os autores do estudo.

 

Mais árvores, mais dispersão

“Estes resultados são explicados pela introdução de árvores que, sendo elementos porosos, ao contrário do que acontece com os edifícios, promovem um aumento da velocidade do vento na região em estudo”, explica Sandra Rafael, citada em comunicado. Isso, por sua vez, aumenta “a dispersão dos poluentes atmosféricos”.

A investigadora sublinha ainda que o novo estudo demonstra porque é que as soluções baseadas na Natureza “podem e devem ser consideradas como um  instrumento de gestão da qualidade do ar pelos decisores políticos”.

Para além disso, é evidenciado neste estudo que “os benefícios destas soluções estão diretamente dependentes de um adequado ordenamento do tecido urbano”. Isto significa que “o planeamento do território, como é exemplo a selecção do local e áreas a aplicar estas soluções, entre outros fatores, é imprescindível, requerendo que as medidas sejam avaliadas antes da sua implementação, o que só é possível através de modelos numéricos”.

De acordo com os cientistas, apesar das particularidades do espaço urbano onde se realizou o estudo serem necessariamente diferentes de outros locais, influenciando a qualidade do ar, é possível replicar o mesmo tipo de análise para outras cidades. “Os modelos numéricos e o método usado pelos investigadores da UA podem ser utilizados em qualquer área urbana”, reforçam.

Em causa está “a necessidade de integrar o conhecimento e as ferramentas científicas no planeamento urbano”, uma vez que “é imprescindível garantir um ar de qualidade nas nossas cidades”, afirmam.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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