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Ganso-patola adulto. Foto: Andreas Trepte/Wiki Common

Estão a chegar os juvenis de ganso-patola e muitos precisam de ajuda

28.09.2018

Esteja atento aos juvenis de ganso-patola que estão agora a viajar do Norte da Europa para as áreas de invernada mais a Sul. O Centro de Reabilitação de Animais Marinhos alerta que muitos precisam de ajuda.

 

Os primeiros juvenis de ganso-patola (Morus bassanus), nascidos este ano, começaram a chegar no início de Setembro às águas portuguesas. Esta ave marinha reproduz-se no Norte da Europa, em colónias, e voa para Sul para aí passar os meses mais frios. Em Portugal ocorre como espécie invernante e migrador de passagem.

 

Juvenil de ganso-patola em reabilitação. Foto: CRAM – Ecomare

 

“São animais inexperientes que chegam exaustos, desidratados e alguns em estado de emaciação”, ou seja, enfraquecidos e com pouco peso, explicou à Wilder Marisa Ferreira, coordenadora do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CRAM) – Ecomare na Gafanha da Nazaré (Ílhavo).

Neste momento, este centro tem ao seu cuidado oito gansos-patola em reabilitação. “Já entraram mais gansos-patolas este mês do que a média dos anos anteriores”, acrescentou Marisa Ferreira.

Em 2018 já entraram no CRAM-Ecomare 35 gansos-patola. Destes, 16 entraram em Setembro por várias razões, desde a captura acidental em anzóis, traumatismos e estado de fraqueza e debilidade.

Este mês já entraram 12 juvenis nascidos este ano.

 

Juvenil de ganso-patola em reabilitação. Foto: CRAM – Ecomare

 

A responsável prevê que “em Outubro também dêem entrada mais indivíduos desta espécie”.

“Muitos são bastante inexperientes e não comem sozinhos o peixe oferecido, precisando de observar outros gansos-patola a fazê-lo para se alimentarem correctamente na água. Também é muito comum ficarem presos em anzóis e amostras, nas patas e asas.”

É nos meses de Outubro e Novembro que os gansos-patola são mais frequentes nas águas portuguesas, preferencialmente junto à costa, segundo o Atlas das Aves Marinhas. As zonas de maior concentração de avistamentos foram Nazaré/Aveiro, Costa de Setúbal e o Sudoeste Alentejano/Costa Algarvia, de acordo com os resultados do projecto MARPRO.

Estes gansos-patola estão pelas águas portuguesas a alimentar-se, capturando peixe por mergulhos profundos de grandes alturas.

Os gansos-patola são aves exclusivamente marinhas. Se encontrar uma na praia, muito provavelmente está a precisar de ajuda.

Neste caso, Marisa Ferreira pede o seu contributo, alertando “as autoridades ou um centro de recuperação de animais selvagens”.

“Caso o animal tenha algum anzol preso não o deve remover. A remoção inadequada pode danificar estruturas ou contaminar a ferida levando assim a uma recuperação mais morosa ou inviabilizando a devolução à natureza do animal.”

Além disso, é importante que não ofereça comida à ave, “pois no caso de aves emaciadas elas não conseguem digerir o alimento ou se tiverem algum corpo estranho no estômago podem piorar a situação”.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Se encontrar um animal marinho em dificuldades, aqui tem os números para pedir ajuda:

CRAM: 91.961.87.05

Rede Nacional de Arrojamentos: 96.884.91.01

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Descubra mais sobre o ganso-patola e as outras aves marinhas de Portugal no Atlas das Aves Marinhas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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