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abelha europeia em cima de uma flor
Abelha-do-mel. Foto: Arturo Mann / Wiki Commons

Agência europeia conclui que uso de neonicotinóides ameaça todas as abelhas

28.02.2018

Um novo documento da Efsa-Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, divulgado esta quarta-feira, concluiu que os pesticidas neonicotinóides são uma ameaça tanto para as abelhas domésticas, como para as abelhas silvestres.

 

O relatório desta agência europeia, que analisou mais de 1.500 estudos sobre os efeitos de três grandes neonicotinóides sobre as abelhas, vai ser determinante para a votação dos Estados-membros da União Europeia (UE) sobre a proibição total do uso destes produtos nos campos agrícolas, lembra o The Guardian.

O assunto foi discutido pela última vez em Novembro passado, mas os Estados-membros não chegaram a uma conclusão unânime, e vai voltar a ser votado em breve.

Este tipo de pesticidas são usados como insecticidas e são quimicamente semelhantes à nicotina. Ao contrário de outros produtos do mesmo género, são absorvidos pelas plantas. Afectam o sistema nervoso central dos insectos, levando à sua paralisia e morte, e nas abelhas são acusados de levarem a perdas de memória e à diminuição de abelhas-rainha.

“A disponibilidade de uma quantidade tão grande de informação permitiu-nos produzir conclusões muito detalhadas”, sublinhou o responsável máximo pela unidade de pesticidas da Efsa, Jose Tarazona. “Há variabilidade nas conclusões, devido a factores como as espécies de abelhas, o objectivo do uso dos pesticidas e a rota de exposição (…), mas em geral o risco para os três tipos de abelhas está confirmado.”

Pela primeira vez, além das abelhas domésticas (‘honeybees’, em inglês), foram analisados também os efeitos de neonicotinóides sobre abelhas silvestres – várias espécies de abelhões e de abelhas solitárias – que até agora não tinham sido incluídos em avaliações europeias.

“Em muitos casos, as abelhas que andam em busca de alimento em colheitas tratadas [por estes produtos] nos campos, tal como na vizinhança, provavelmente serão expostas a níveis prejudiciais destes pesticidas”, afirmam os técnicos da agência europeia.

Isto porque, explicam, tanto o néctar como o pólen das plantas das colheitas tratadas contêm resíduos dos pesticidas. Estas substâncias chegam também às plantas ali perto, transportadas pelo vento, e podem contaminar os solos, onde se acumulam e passam para o pólen e o néctar de novas colheitas.

 

Abelhas são essenciais

Tanto as abelhas como outros polinizadores são essenciais para a produção de comida em todo o mundo, uma vez que deles dependem cerca de dois terços das colheitas.

Cientistas e agricultores têm alertado para a diminuição das populações de abelhas, que se considera que estão a ser gravemente atingidas por doenças, pela destruição dos habitats ricos em flores e ainda pela utilização generalizada de pesticidas neonicotinóides.

Actualmente, mais de um quarto dos abelhões da Europa – e quase uma em cada dez abelhas – estão em risco de extinção, segundo a Lista Vermelha das Abelhas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

O novo relatório da Efsa, agora divulgado, voltou a analisar três de cinco neonicotinóides utilizados a nível europeu, que já em 2013 tinham considerados como tendo riscos “inaceitáveis” para as abelhas: clotianidina, imidacloprida e tiametoxam. Nesse mesmo ano, dentro da UE, o uso destas três substâncias foi banido de culturas em campos abertos que se considera serem “atraentes para as abelhas”, como o milho e o girassol.

Segundo a Comissão Europeia, outro destes cinco neonicotinóides, a acetamipidra, foi considerado num outro relatório da Efsa como tendo baixo risco para as abelhas. Já a tiacloprida é candidata a substituição por ser considerada uma disruptora endócrina.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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